25/09/2012
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21h03
Nuas, uruguaias protestam contra falhas de projeto que descriminaliza aborto
DA EFE, EM MONTEVIDÉU
Um grupo de mulheres se manifestou na frente do Parlamento uruguaio,
algumas delas completamente nuas e com seu corpo coberto apenas com uma
pintura laranja, em protesto contra partes do projeto de
descriminalização do aborto que está sendo debatido nesta terça-feira
pelo Legislativo.
As mulheres do movimento Mulher e Saúde no Uruguai (MYSU, na sigla em
espanhol) desceram de um ônibus e protestaram perante o olhar atento dos
transeuntes e dos meios de comunicação que se aglomeraram diante da
cena, e permaneceram ali durante vários minutos apesar das baixas
temperaturas em Montevidéu.
Segundo explicou Marta Aguñín, uma das porta-vozes da organização, o
protesto se justifica porque a norma debatida pelos deputados não
recolhe nenhum dos pedidos das organizações pró-aborto e "nem contempla
nem defende muitos direitos das mulheres".
Protesto no Uruguai
GALERIA DE FOTOS:
Pintadas
de laranja, mulheres do grupo Mulher e Saúde no Uruguai (MYSU, na sigla
em espanhol) se manifestaram contra partes do projeto de lei que
descriminaliza o aborto no país; entre outros pontos, elas criticam a
obrigação de comparecimento perante uma comissão médica das mulheres que
queiram abortar
"Os deputados estão debatendo o que acontece com o corpo das mulheres, e
nós mulheres defendemos nossos direitos e queremos ser nós as que
decidimos sobre o que acontece com nossos corpos", disse Aguñín.
A ativista lamentou que o projeto, que deve ser aprovado por uma pequena
margem na Câmara dos Deputados e precisará ainda ser confirmado pelo
Senado para entrar em vigor, obrigue as mulheres que queiram abortar a
comparecer perante uma comissão médica.
"Além disso, a norma não descriminaliza o aborto inteiramente, já que se
não forem cumpridos os prazos dentro do sistema, a mulher terá que
recorrer ao circuito clandestino e ali seria punível", destacou.
Se for aprovada, a norma descriminaliza o aborto até a 12ª semana de
gestação, com um prazo maior e sem limite caso haja riscos para a saúde
da mãe. O aborto deverá ser sempre feito em centros de saúde e sob a
supervisão das autoridades.
HUMILHAÇÃO
Desde que o conteúdo do projeto ficou conhecido, organizações que
defendem o aborto mostraram seu profundo descontentamento. Entre outros
adjetivos, elas definiram como "humilhante" que as mulheres tenham que
submeter-se "a um tribunal" para explicar por que querem abortar, sem
que, além disso, se legalize a prática em sua totalidade.
Na sexta-feira passada, uma enquete realizada pela empresa de
consultoria Numero mostrou que 52% da população do Uruguai é a favor da
descriminalização do aborto, 34% contra e 14% não se pronuncia.
Apesar de estar penalizado pela lei, no Uruguai acontecem 30 mil abortos
por ano segundo números oficiais. Esse número chega a duplicar nas
estimativas de organizações defensoras dos direitos das mulheres.
FONTE: Folha.com/Mundo
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