27/09/2012
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18h49
Sonda encontra vestígios de antigo riacho em Marte
DE SÃO PAULO
O jipe-robô Curiosity, que há quase dois meses explora a superfície
marciana, encontrou evidências do que parece ter sido um riacho que um
dia correu vigorosamente pelo solo de Marte.
Já existiam evidências anteriores da existência de água no planeta
vermelho, mas as imagens registradas pela sonda são o que há de mais
representativo até agora.
Nas fotos, é possível ver as marcas da ação da água sobre as rochas marcianas.
Os cientistas estão estudando agora as imagens de pedras "concretadas"
em uma camada de rocha agrupada. O tamanho e a forma dessas pedras
oferecem pistas sobre a velocidade e o comprimento do fluxo desse riacho
há muito desaparecido.
Nasa/Associated Press | ||
Imagem da superfície marciana feita pelo Curiosity mostra afloramento com indícios de antigo riacho |
Segundo os cientistas, a água bateria em algum lugar entre o tornozelo e o quadril de um adulto.
"Muitos artigos foram escritos sobre os canais de água em Marte, com
muitas hipóteses diferentes sobre seus fluxos. Esta é a primeira vez que
nós estamos realmente vendo cascalho transportado por água no planeta. É
uma transição entre a especulação do tamanho do material dos riachos
para a observação direta deles", avalia William Dietrich, coinvestigador
científico do Curiosity e pesquisador da Universidade da Califórnia em
Berkeley.
O local da descoberta é próximo da área em que o Curiosity pousou, entre
o norte da cratera Gale e a base do monte Sharp, uma montanha dentro da
cratera. Imagens anteriores do local permitiram interpretações
adicionais do conglomerado.
A forma arredondada de algumas pedras do conglomerado indica que elas
foram transportadas por longas distâncias. A abundância de canais entre a
margem e o aglomerado de pedras sugere que o fluxo continuou ou se
repetiu durante muito tempo, e não apenas uma vez ou por só alguns anos.
A descoberta foi feita a partir do estudo de dois afloramentos,
batizados de "Hottah" e "Link". As imagens foram feitas durante os 40
primeiros dias após o pouso do Curiosity. Essas observações seguiram
pistas anteriores de um outro afloramento, que foi descoberto quando o
robô estava pousando.
O cascalho encontrado nos conglomerados varia em tamanho e forma. Alguns
não são maiores do que um grão de areia, enquanto outros chegam ao
tamanho de uma bola de golfe. Alguns são angulosos, mas muitos são
arredondados.
"Os formatos mostram que eles foram transportados e e o tamanho indica
que isso não pode acontecer pelo vento. Foram transportados pelo fluxo
da água", diz Rebecca Williams, uma das pesquisadoras do Curiosity.
A equipe científica pode usar o Curiosity para aprender mais sobre a
composição química desse material e o que mantém esse aglomerado junto,
revelando mais características desse ambiente molhado que formou os
depósitos.
E isso, dizem os cientistas, é só o começo. A missão do Curiosity está
prevista pra durar dois anos. Os pesquisadores irão usar os dez
instrumentos científicos da sonda para investigar se a cratera Gale e
seus arredores um dia já ofereceram condições ambientais favoráveis à
vida de micróbios.
FONTE: Folha.com/Ciência
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