07/09/2012
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12h06
Humanos modernos foram maior ameaça a Neandertais que desastres naturais
DE SÃO PAULO
RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Cinzas de erupções vulcânicas de 40.000 anos atrás em camadas invisíveis
ao olho humano indicaram que a extinção do homem de neandertal se deveu
mais à competição com seres humanos anatomicamente modernos do que por
culpa dos efeitos nocivos de mudanças climáticas.
O homem de neandertal vivia principalmente no Oriente Médio e na Europa.
Um dos mais polêmicos debates na evolução humana diz respeito ao seu
fim; foram dizimados em conflitos ou pela competição por recursos com os
homens modernos, se misturaram sexualmente com eles ou foram vítimas de
uma erupção vulcânica?
"Durante o último estágio glacial, entre cerca de 100.000 anos atrás e
30.000 anos atrás, humanos anatomicamente modernos migraram da África
para eventualmente chegar na Europa, ficando cada vez mais em contato
com os neandertais que já habitavam o local", escreveram os 42
pesquisadores de instituições de oito países liderados por John Lowe, da
Universidade de Londres, em artigo na revista científica americana
"PNAS".
Os registros fósseis indicam que os neandertais tiveram um declínio
marcante da população há cerca de 40.000 anos e tinham praticamente
desaparecido dez milênios depois. O período foi marcado por grandes
oscilações do clima; nos momentos mais frios, os seres humanos antigos
migraram de boa parte do norte europeu.
Muitos pesquisadores consideram o clima a principal causa do fim dos
neandertais. A enorme erupção vulcânica de 40.000 anos atrás lançou
tanta cinza no ar, bloqueando a luz solar, que produziu um "inverno
vulcânico". Estima-se que a erupção liberou entre 250 a 300 quilômetros
cúbicos de cinza na atmosfera.
Lowe e colegas analisaram depósitos de cinzas conhecidos como
"piroclastos" de locais variados na Europa _o que ajuda a explicar o
tamanho da equipe de pesquisadores: Grécia, mar Egeu, Líbia, vários
locais na Europa central. As cinzas permitem sincronizar os registros
fósseis com os climáticos durante o período de transição das populações
humanas na pré-história europeia.
Os resultados indicaram que os neandertais começaram a desaparecer antes
da erupção e da mudança climática, e que os humanos modernos já estavam
ocupando significativas áreas da Europa e Norte da África no momento da
erupção.
A migração do homem anatomicamente moderno foi também associada a
desenvolvimentos culturais que os neandertais nem sempre conseguiam
acompanhar, como melhores ferramentas e armas de pedra, objetos rituais
e, provavelmente, redes sociais que permitiam melhor coesão e cooperação
no grupo.
"Nossa evidência indica que, em uma escala continental, os humanos
modernos eram uma maior ameaça competitiva para as populações autóctones
do que a maior erupção vulcânica conhecida na Europa, mesmo que
combinada com os efeitos combinados do esfriamento climático",
escreveram Lowe e sua equipe na "PNAS".
FONTE: Folha.com/Ciência
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