quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

15 EVENTOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE ( Artigo Científico ) "PARTE VII"

Vírus mortal

Causa: Biológica/Humana
Tipo:
Global e tolerável
Já aconteceu antes?
Sim
Em maio, a revista Nature publicou um estudo que mostrava como pesquisadores produziram uma versão mutante do vírus da gripe aviária, o H5N1, tornando-o transmissível entre mamíferos. Apesar de ser potencialmente mortal para seres humanos, até então, o vírus só era transmitido para os mamíferos por meio das aves, o que fazia com que os surtos da doença fossem muito localizados. No entanto, os pesquisadores descobriram que com apenas quatro mutações o H5N1 se tornava capaz de se espalhar entre furões pela via aérea. 
 
Como resultado, o estudo mostra que o H5N1 natural pode estar a poucas mutações de se espalhar entre seres humanos. Não só ele, mas grande parte dos vírus possui uma incrível e perigosa capacidade de mutação. É o que acontece, por exemplo, todos os anos com o vírus da gripe comum. Apesar de o sistema imunológico humano já estar preparado para sua versão anterior, no inverno seguinte ele invariavelmente se transforma e pega o corpo de guarda baixa. 
 
Foi também o que aconteceu em 1918, quando o vírus H1N1, que infectava porcos, sofreu uma mutação para se espalhar entre humanos. Isso deu origem ao surto da gripe espanhola, que matou cerca de 50 milhões de pessoas nos anos seguintes, naquela que foi a maior epidemia da história – maior até do que a Peste Negra na Idade Média. 
 
A Gripe espanhola só se tornou uma epidemia global após a Primeira Guerra Mundial, quando soldados de várias partes do mundo se encontraram nos campos de batalha e nos hospitais, infectaram uns aos outros e levaram o novo vírus para casa. Hoje, a capacidade de um vírus se espalhar pelo planeta é maior do que nunca. Com o grande número de viagens internacionais, as enormes exportações de alimentos e a vida predominante urbana, a possibilidade de infectar um grande número de pessoas é inédita. 
 
A pesquisa sobre o H5N1 publicada pela revista Nature levanta outro ponto importante: a mutação não precisa ser,
necessariamente, causada pela natureza. Avanços nas tecnologias de manipulação genética fazem com que vírus potencialmente mortais passem a ser produzidos em laboratórios – nem sempre muito bem equipados. Antes de ter sido publicado, o estudo passou alguns meses engavetado. Autoridades haviam recomendado que partes sensíveis do estudo permanecessem em segredo, pois as informações poderiam servir como uma receita para que outras pessoas passassem a produzir o vírus.
 
Além do perigo de um agente infeccioso artificial escapar do laboratório – o que já aconteceu antes – ele também pode ser deliberadamente produzido para servir como arma. Tiranos e terroristas poderiam contratar cientistas para produzir versões mortais e altamente transmissivas de diversos tipos de vírus. Já no século 14, os mongóis usavam catapultas para arremessar os corpos de guerreiros infectados com a peste bubônica e espalhar a doença entre os inimigos. Porque hoje em dia seria diferente? 
 
Por sorte, os tipos mais mortais de vírus dificilmente se tornam uma pandemia. Um patógeno que mata o hospedeiro antes de ele ter tempo de espalhar a doença não é capaz de se espalhar pelo mundo, e acaba sendo superado por versões menos mortais da doença. Isso, aliado a métodos de prevenção, como higiene básica, eliminação de animais infectados, vacinação e distribuição rápida e massiva de medicamentos pode diminuir os perigos de uma nova epidemia global.
 
FONTE: Revista Veja/Ciência

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