domingo, 15 de julho de 2012

QUEM MATOU ESTE HOMEM ( No ano de 350 a.C ... ) Veja: "PARTE II"

Quem matou este homem

No ano 350 a.C., o homem de Tollund foi enforcado e enterrado num pântano da Jutlândia, na Dinamarca. Em 1950, seu corpo foi encontrado incrivelmente preservado, graças ao solo ácido e à falta de oxigênio da água. Depois de muito estudá-lo, cientistas, agindo como detetives, fizeram descobertas intrigantes.


Texto e fotos de Johnny Mazzilli
O homem de Tollund ganhou esse nome em homenagem à vila onde os irmãos Hojgard viviam. Em torno de seu pescoço havia um sulco profundo e uma corda de couro trançado – usada no enforcamento. Na cabeça usava um gorro de couro de ovelha em ótimas condições, forrado de lã no interior. A serenidade da face e o excepcional estado de conservação tornaram-no uma celebridade instantânea no jet set dos corpos da turfa.
Sob o corpo havia uma fina camada de musgo. Pela sua posição, concluiu-se que fora cuidadosamente depositado na turfeira, há dois mil anos. A autópsia e os exames realizados no Hospital Bispebjerg e no Museu Nacional da Dinamarca mostraram que a cabeça e os órgãos internos encontravam-se intactos. O estômago e os intestinos revelaram uma última refeição: sopa de legumes, com grãos de cevada, 30 tipos de semente de espécies cultivadas e selvagens e várias ervas daninhas. A presença do alimento no intestino grosso indica que foi consumido entre 12 e 24 horas antes da morte. De posse da lista de ingredientes, os arqueólogos chegaram a reproduzir a sopa, mas o gosto não agradou.
Emil e Viggo Hojgard (esquerda) pensaram que o morto de Tollund provinha de um crime recente. À direita, o corpo exposto no Museu Nacional.


Em 1938, 12 anos antes, outro corpo fora descoberto a apenas 80 metros de distância – a mulher de Elling. Sua preservação, entretanto, resultara precária; apenas o cabelo e o penteado estavam intactos. Assim como o homem de Tollund e quase todos os corpos encontrados nas turfeiras, a mulher de Elling tinha cabelos avermelhados, não por ser ruiva, mas porque a acidez do pântano descoloriu-os. Exames realizados em 1976 revelaram que a moça tinha cerca de 25 anos e apresentava um sulco visível ao redor do pescoço. Ao lado do corpo, havia uma corda curta de couro trançado. Tal como o homem de Tollund, morrera por enforcamento.
As condições físico-químicas da turfa preservam a pele e os órgãos internos graças à água altamente ácida, fria e pobre em oxigênio, quase anaeróbica – hostil ao desenvolvimento de bactérias. No entanto, os ossos resistem menos, pois a acidez dissolve o fosfato de cálcio da estrutura. Ao longo dos séculos essas condições também enegreceram os corpos. A prolongada imersão ainda eliminou a possibilidade de um exame de DNA. Diversos estudos continuam sendo realizados nos corpos da turfa, mas nunca foi feito um teste de DNA nos cadáveres que já foram descobertos na Irlanda, no Reino Unido, na Holanda, na Alemanha e na Suécia.


FONTE: Revista Planeta.

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