13/11/2012
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05h00
Estudo vê erros ambientais em setor elétrico do Brasil
FERNANDO MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Políticas energéticas mal planejadas e sob a influência de grupos
econômicos nacionais e estrangeiros. Enorme quantidade de energia
desperdiçada nas linhas de transmissão. Necessidade de superar noções de
usinas hidrelétricas como fonte de energia limpa, barata e renovável.
Gigantesco potencial de energia eólica e solar menosprezado.
Essas são as principais conclusões de um estudo sobre o setor elétrico
sob o prisma da sustentabilidade lançado ontem em São Paulo.
Elaborado por um coletivo de ONGs e membros da academia brasileira, os
artigos trazem uma visão crítica sobre a política energética brasileira,
amplamente baseada em grandes usinas hidrelétricas, e trazem propostas
sobre alternativas para garantir o futuro energético do país.
"O estudo indica que é plenamente possível para o Brasil alcançar a
segurança energética com uma vigorosa política de eficiência e de
expansão da oferta a partir das fontes alternativas como a eólica, a
biomassa (os resíduos agrícolas, particularmente o bagaço da
cana-de-açúcar), a energia solar, e mesmo as pequenas centrais
hidrelétricas, se os projetos considerarem de forma adequada as
populações ribeirinhas atingidas", diz Célio Bermann, professor do
Instituto de Energia Elétrica da USP e autor de um dos artigos.
Cerca de 77% da matriz elétrica brasileira é de fonte hidrelétrica e o
governo planeja a construção de dezenas de grandes e pequenas
hidrelétricas nos próximos anos na região amazônica.
Segundo o estudo, é enganosa a ideia que a energia hidrelétrica é uma
fonte de energia limpa. No complexo Belo Monte/Babaquara, no rio Xingu,
seriam necessários até 41 anos para se chegar a um saldo positivo em
termos de emissões de gases de efeito estufa. Devido à flutuação no
nível da água do rio, é esperada uma variação de 23 m no reservatório de
Babaquara a cada ano. Quando atingir o nível mínimo, a vegetação
herbácea, de fácil decomposição, cresceria rapidamente no reservatório.
Quando o nível de água subisse, a vegetação decomposta produziria
grandes quantidades de metano.
Um dos artigos do estudo trata das perdas de energia no sistema elétrico
brasileiro. O Brasil atualmente desperdiça 15,4% de sua oferta total de
energia.
Em comparação, o Chile tem perdas totais de 5,6%, o Peru de 9,3% e a
Argentina de 9,9%. Segundo relatório do TCU, tal desperdício tem impacto
direto na tarifa ao consumidor.
O ministério de Minas e Energia, por meio de sua assessoria, diz que as
perdas de energia elétrica são elevadas devido a alta participação da
energia hidráulica na matriz elétrica, às dimensões continentais do país
e ao aumento da geração longe dos centros consumidores. Isso "impõe ao
Brasil condições de distribuição de energia elétrica complexas e
distintas dos demais países"
FONTE: Folha.com/Ciência
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