sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

COBRAS AJUDARAM A MOLDAR EVOLUÇÃO DO HOMEM, DIZ ESTUDO ( Artigo Científico )

19/12/2011 - 13h48

Cobras ajudaram a moldar evolução do homem, diz estudo


REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE "CIÊNCIA E SAÚDE"
Dois cientistas americanos cotejaram uma massa impressionante de dados para mostrar que o embate entre cobras e primatas ajudou a moldar a evolução humana.
A situação é mais complicada do que o clichê "ofídios malvados, humanos picados".
O estudo, na revista "PNAS", sugere que as serpentes interagem de três jeitos com primatas como nós: como predadoras, competidoras e presas.
A hipótese é de Thomas Headland, do Summer Institute of Linguistics, e Harry Greene, da Universidade Cornell. Headland, antropólogo, reuniu relatos do povo agta, caçadores-coletores das Filipinas que, nos anos 1970, ainda tinham estilo de vida parecido com o dos primeiros Homo sapiens.

Editoria de Arte/Folhapress
Um dos vizinhos dos agtas é a píton-reticulada, cujas fêmeas ultrapassam os sete metros e têm quase 100 kg. Mais de um quarto dos homens agtas foi atacado pelos répteis ao longo da vida. As pítons se banqueteiam com animais caçados pelos agtas, como porcos-selvagens. E, quando podem, os caçadores-coletores devolvem a gentileza, comendo as serpentes.
A situação é a mesma com primatas não humanos. Dezenas de espécies do nosso grupo de mamíferos são comidas por cobras e também devoram serpentes quando têm chance, além de capturar animais que fazem parte do menu dos ofídios.
Para os pesquisadores, isso indica que a interação com esses répteis foi importante na evolução humana.
"Não duvido que haja uma herança genética que explique a interação entre primatas e serpentes, mas, no caso da nossa espécie, acredito que o fator cultural prevaleça, em especial a ignorância sobre elas", diz Henrique Caldeira Costa, da Universidade Federal de Viçosa.
O especialista em répteis lembra que não há comprovação de mortes causadas por sucuris, maiores cobras brasileiras. "É possível que uma sucuri devore um humano? Sim, mas o risco é pequeno." 

FONTE: Folha.com/Ciência

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