25/12/2011
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08h05
Natal tem origem em tradições mais antigas que o próprio cristianismo
DA FRANCE PRESSE, EM MONTEVIDÉU
Mesas generosamente servidas, canções, árvore cheias de luzes e o alegre
soar de sinos são algumas características da festa de Natal, uma
celebração que não nasceu com o cristianismo, mas tem raízes em
antiquíssimos ritos pagãos indo-europeus bem anteriores a Jesus Cristo.
A festa mais universal do Ocidente, a comemoração do nascimento do
menino Jesus, foi celebrada pela primeira vez, com o sentido de hoje, em
25 de dezembro de 336, em Roma, poucos anos depois de o cristianismo
ser adotado como religião do Império.
Prakash Singh - 17.dez.11/France Presse | ||
Celebração não nasceu com o cristianismo, mas tem raízes em antiquíssimos ritos pagãos indo-europeus |
Contudo, na época, a capital imperial era Constantinopla, onde até o
século 5º a Igreja do Oriente celebrou no dia 6 de janeiro o nascimento e
batismo do filho de Deus.
O nome da festa vem do substantivo latino "nativitas" (nascimento, geração) e este do adjetivo "nativus" (o que nasce).
Ao longo dos séculos, as dioceses orientais foram adotando o dia 25 de
dezembro como data oficial e deixando o 6 de janeiro para celebrar o
batismo de Cristo, com exceção da Igreja Armênia, que até hoje comemora o
Natal no primeiro mês do ano.
Sobre as razões para adotar o dia 25 de dezembro como data do Natal,
pouco se sabe, mas se considera provável que os cristãos quisessem na
época substituir com o nascimento de Cristo a festa pagã conhecida como
"natalis solis invicti" (festa do nascimento do sol vitorioso), que
correspondia ao solstício de inverno no Hemisfério Norte.
Esta efeméride astronômica coincide com o dia mais curto do ano ao norte
do Equador, por volta de 21 de dezembro, início do aumento da duração
dos dias e do encurtamento das noites, ou seja, a época em que o Sol
passa pela sua maior declinação boreal ou austral.
Uma vez que a Igreja Oriental adotou a data de 25 de dezembro como
Natal, o batismo de Jesus Cristo começou a ser festejado no Oriente em 6
de janeiro, mas em Roma esta data passou a ser usada para lembrar
chegada a Belém dos Reis Magos, com presentes de ouro, incensos e mirra,
que em alguns países católicos é celebrada com a distribuição de
presentes para as crianças.
No Brasil, a tradição de trocar presentes acontece na noite de Natal
após a meia-noite da madrugada de 24 para 25 de dezembro. Ao longo dos
séculos, os costumes tradicionais vinculados ao Natal se desenvolveram a
partir de múltiplas fontes.
RITOS PAGÃOS
Há uma considerável influência nestas tradições o fato de a celebração
coincidir com as datas de antiquíssimos ritos pagãos com origem
agrícola, que aconteciam no começo do inverno.
Sendo assim, o Natal recebeu elementos da tradição latina de Saturnália,
uma festa alegre e de trocas de presentes, que os romanos costumavam
celebrar em 17 de dezembro, em homenagem a Saturno.
O dia 25 de dezembro também era a festa do Deus persa da luz, Mitra,
respeitado por Diocleciano e que inspirou gregos e romanos a adorar Febo
e Apolo.
O certo é que o dia de Natal foi fixado oficialmente no ano de 345
quando --às instâncias de São João Crisóstomo e São Gregório Nacianceno
--se estabeleceu o 25 de dezembro como dada de nascimento de Jesus
Cristo.
Cumpria-se assim uma vez mais o costume da igreja primitiva de absorver e
dar nova forma aos rituais pagãos, em vez de rejeitá-los ou proibi-los
para poder angariar mais seguidores para sua nova crença.
No Ano-Novo, os romanos decoravam suas casas com luzes e folhas de
plantas, dando presentes às crianças e aos pobres, em um clima que hoje
seria chamado de natalino e, apesar do ano romano começar em março,
estas tradições também foram incorporadas à festividade cristã.
Por outro lado, com a chegada dos invasores teutônicos à Gália, à
Inglaterra e à Europa central, ritos germânicos se mesclaram com
costumes celtas e foram adotados por parte dos cristãos, tornando o
Natal praticamente desde o começo uma celebração regada a muita bebida e
comida, com chamas, luzes e árvores decoradas.
Na Idade Média, a igreja introduziu as canções temáticas. O Natal que
celebramos hoje é, por isso, fruto de um milênio cristão em que as
tradições gregas e romanas se conjugaram com rituais celtas, germânicos e
com liturgias de antigas religiões orientais.
Posteriormente, o personagem de são Nicolau, velhinho barbudo e vestido
de pesadas roupas vermelhas, inspirou a representação do atual Papai
Noel, personagem generoso e adorado pelas crianças.
Atualmente, o Natal superou as fronteiras do mundo cristão e a sociedade
de consumo, com sua avalanche de presentes e comidas diversas, fez que
fosse esquecido parte de seu significado original, embora o ato de
presentear sempre seja um gesto agradável independente das
circunstâncias.
FONTE: Folha.com/Turismo
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