22/12/2011
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10h30
Estrela 'engole' e depois 'cospe' dois planetas
RAFAEL GARCIA
DE WASHINGTON
DE WASHINGTON
Um dia depois de a Nasa anunciar a descoberta dos menores planetas já
achados fora do Sistema Solar, cientistas apresentam hoje um estudo
sobre um par de planetas ainda mais diminutos.
Os astros recém-descobertos, afirmam os astrônomos, são remanescentes de
planetas gigantes que foram engolidos por sua estrela e depois
"cuspidos" como "caroços".
A descoberta foi feita com a análise de dados do mesmo telescópio
espacial, o Kepler, mas por um grupo diferente, liderado pelo francês
Stephane Charpinet.
Os novos planetas têm 86,7% e 75,9% do raio da Terra e massas estimadas
em 44% e 65%. A dupla nova tem órbita muito próxima de sua estrela-mãe e
possui superfície quente demais para abrigar água líquida e vida.
O aspecto mais inusitado dos planetas é que no centro do sistema estelar
que os abriga está KOI 55, estrela de idade avançada e que já passou
pela fase em que se torna uma "gigante vermelha".
DESTINO SOLAR
É o mesmo destino previsto para o Sol, daqui a 5 bilhões de anos, quando o hidrogênio, combustível para a fusão nuclear em seu centro, começar a se esgotar.
É o mesmo destino previsto para o Sol, daqui a 5 bilhões de anos, quando o hidrogênio, combustível para a fusão nuclear em seu centro, começar a se esgotar.
No passado, os planetas em torno de KOI 55, batizados apenas como.01
e.02, eram provavelmente astros com tamanhos similares aos de Júpiter e
Saturno, os gigantes gasosos do Sistema Solar.
Quando a estrela começou a virar uma gigante vermelha, sua atmosfera
estelar, ou"envelope", começou a se expandir tanto que encobriu os dois
planetas.
Em estudo na edição de hoje da revista "Nature", o grupo de Charpinet
descreve o que acha que ocorreu após a estrela "engolir" os planetões.
Esse astros, dizem, só acabaram engolfados na atmosfera estelar porque,
apesar de ser grandes, tinham órbitas curtas, como a Terra.
"Enquanto eles iam cavando seu caminho em meio ao envelope estelar, iam
perdendo toda a camada exterior de gás e expelindo também o gás da
atmosfera da gigante vermelha, fazendo-a perder massa", explicou à Folha
Betsy Green, da Universidade do Arizona, astrônoma que participou do
estudo.
"Se os planetas já fossem pequenos naquela época, provavelmente não
teriam sobrevivido. Só existem hoje porque começaram com uma quantidade
de massa grande antes de sofrer atrito."
A vingança dos planetas é que eles próprios acabaram varrendo para fora a
atmosfera da gigante vermelha, e KOI 55 pode ter perdido mais de 50% de
sua massa. Agora ela é uma estrela da classe das sub-anãs quentes tipo
B, que possuem um núcleo de hélio inerte e geram energia por fusão
nuclear em camadas mais exteriores.
POR ACASO
A descoberta dos planetas ocorreu meio por acaso. Charpinet e Green começaram a observar a KOI 55 para entender os modos de vibração da estrela, que exibe movimentos similares aos terremotos da Terra. A vibração causa oscilações no brilho que podem revelar propriedades interessantes da estrela, como sua massa e seu raio.
A descoberta dos planetas ocorreu meio por acaso. Charpinet e Green começaram a observar a KOI 55 para entender os modos de vibração da estrela, que exibe movimentos similares aos terremotos da Terra. A vibração causa oscilações no brilho que podem revelar propriedades interessantes da estrela, como sua massa e seu raio.
Mas duas das oscilações periódicas que os cientistas detectaram tinham
períodos de cinco a oito horas, longos demais para terremotos.
Após Charpinet fazer uma montanha de cálculos, concluiu que a
probabilidade maior era a de que a oscilação de brilho estivesse sendo
causada por planetas refletindo a luz de KOI 55, assim como os períodos
da Lua refletem luz solar em quantidade diferente para a Terra.
Os planetas rebatem uma quantidade enorme de luz, pois estão a menos de um centésimo da distância que nós estamos do Sol.
FONTE: Folha.com/Ciência
Arte/Folhapress | ||
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