07/07/2011
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08h00
Entenda descoberta moderna de Machu Picchu, feita há cem anos
MONICA RICHTER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MACHU PICCHU
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MACHU PICCHU
1911, 24 de julho. Há cem anos, no Peru, o norte-americano Hiram Bingham
(1876-1956) fez antológica descoberta divisando Machu Picchu --ou
"montanha velha", no idioma quíchua.
Abraçada pela cordilheira dos Andes e possivelmente construída entre os
séculos 15 e 16, a cidade sagrada dos incas ficou cinco séculos
escondida na densa floresta a sudoeste do país, numa área que atualmente
pertence ao Estado de Cusco.
Professor de história das Américas na universidade Yale (EUA), Bingham
foi um especialista na chamada confederação incaica. Intrigado com o
desaparecimento desse povo, procurava a cidade perdida Vilcabamba,
assolada pela invasão espanhola no início do período colonial.
Monica Richter/Folhapress |
Vista das ruínas de Machu Picchu |
'DESCOBERTA'
Após repetidas expedições, numa tarde de forte neblina, Bingham --que
começou sua atividade como explorador na América do Sul, em 1908,
viajando de Caracas até Bogotá a cavalo, seguindo a trilha de Simón
Bolívar-- partiu do Vale Sagrado pelo rio Urubamba e escalou a face
leste da montanha.
Tinha como guia um menino, filho de Anacleto Alvarez, camponês que cultivava legumes em terraços locais.
Chegando, avistou construções incas cobertas pela vegetação e, então, se
deparou com uma cidade magnífica, localizada, "como o ninho de um
condor", entre as altas escarpas dos Andes.
O próprio Hiram Bingham descreveu: "Não existe lugar nos altiplanos
peruanos que seja melhor defendido por baluartes naturais. Um canhão
estupendo cuja rocha é de granito e cujos precipícios são frequentemente
escarpados, com dificuldades que atemorizam o mais ambicioso dos
andinistas modernos.
E concluiu: "Para impedir que os inimigos ou visitantes não desejados
alcançassem seus santuários e templos, confiaram nas correntezas do rio
Urubamba, que são perigosas mesmo em época de seca, e na chapada das
alturas, que só é viável por uma trilha estreita como um fio de navalha,
flanqueada por vários precipícios."
FORMA DE CONDOR
Edificada a cerca de 2.400 metros acima do nível do mar, com granito
cinza e branco, Machu Picchu é patrimônio mundial tombado pela Unesco
desde 1983 e, também, um espetáculo da história que merece ser visitado.
A construção tem o formato de um condor, ave símbolo de força e liberdade para os moradores dos Andes.
É separada em dois grandes setores: o agrícola, onde estão os degraus de
experiências e plantio, e a cidade em si, com casas e templos para
adoração dos deuses.
A construção segue o padrão de outras ruínas do Vale Sagrado. Pedras de
granito pesando toneladas formam estruturas com acabamento e encaixes
tão perfeitos que intrigam até mesmo os engenheiros contemporâneos.
Maravilhado, no ano seguinte, em 1912, Bingham voltou a Machu Picchu.
Patrocinado pelas prestigiosas universidade Yale e a National Geographic
Society, fez-se acompanhar de especialistas em ciências naturais, em
osteologia e em escavações arqueológicas.
E, de lá, levou para os EUA vestígios daquela civilização andina, vasos
de cerâmica e ossadas, relíquias incaicas que, recentemente, foram
devolvidas ao Peru, suscitando a discussão sobre repatriação de acervos
arqueológicos, históricos e artísticos guardados em museus e em
instituições de ensino e pesquisa em todo o mundo.
Hiram Bingham inscreveu seu nome entre os grandes arqueólogos do século
20 e, depois disso, se elegeu senador pelo Estado norte-americano de
Connecticut e membro do Senado dos Estados Unidos.
FONTE: Folha.com/Turismo
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