O que é criogenia humana?
por Por Alexandre Versignassi
É a técnica de
manter cadáveres congelados anos a fio para ressuscitá-los um dia. Hoje,
isso já dá certo com embriões: óvulos fecundados podem ficar na
"geladeira" com chances boas de sobreviver a um descongelamento -
estima-se que perto de 60% deles conseguem vingar, dando origem a um
bebê. Por isso, um bocado de gente acredita que isso ainda vai funcionar
com seres humanos inteiros. Até agora, cerca de 100 pessoas já foram
congeladas depois da morte e esperam por vida nova no futuro.
A idéia é fantástica: você morre e os
médicos o colocam num tanque de nitrogênio líquido, guardado a -196 ºC,
temperatura em que o cadáver não apodrece. Aí, daqui a uns 500 anos, os
cientistas descobrem um jeito de combater a doença que causou sua morte e
o degelam. Uma beleza, né? Mas o processo não é tão simples. "Os
próprios métodos usados para congelar uma pessoa causam danos às células
que só poderiam ser reparados por tecnologias que ainda não existem",
afirma o físico americano Robert Ettinger, considerado o grande
divulgador da criogenia. Por enquanto, o congelamento não funciona com
pessoas porque o líquido que compõe as células vira gelo, aumentando de
tamanho e fazendo-as trincar. Com os embriões congelados, esse efeito é
evitado com a aplicação de substâncias químicas que driblam a formação
de cristais de gelo, impedindo que as paredes celulares se danifiquem.
"Mas com os seres humanos desenvolvidos o problema é que cada tipo de
célula exige uma substância protetora diferente, e muitas delas ainda
não foram inventadas", diz o ginecologista Ricardo Baruffi, da
Maternidade Sinhá Junqueira, em Ribeirão Preto (SP), um especialista em
congelamento de embriões. Quer tentar a sorte mesmo assim? Então é
melhor se mudar para os Estados Unidos, porque as duas únicas empresas
no mundo com estrutura para receber novos "pacientes" ficam lá. E, se
você quiser levar um bichinho de estimação para não se sentir muito
sozinho daqui a 500 anos, sem problemas. Dez gatos, sete cachorros e até
um papagaio já entraram nessa fria com seus donos.
Mergulhe nessa
Na internet:
www.alcor.org
www.cryonics.org
A um passo da eternidade
Congelar um corpo é fácil. O que os cientistas não sabem ainda é como ressuscitá-lo
1. Assim que uma pessoa morre, um
funcionário da empresa de criogenia resfria o cadáver com gelo. Nessa
fase, a temperatura do corpo fica pouco acima de 0 ºC. Não é muito frio,
mas é o suficiente para evitar, por algum tempo, a proliferação das
bactérias que iriam apodrecer o cadáver
2. Nessa fase, o corpo também recebe uma
injeção de substâncias anticoagulantes, para manter os vasos sanguíneos
desobstruídos. Depois, todo o sangue é bombeado para fora e no lugar
entram substâncias químicas que protegerão as células na hora do
congelamento, evitando a formação de parte dos cristais de gelo, que
rompem a estrutura celular
3. No local em que o corpo vai ser
congelado, o cadáver passa por um resfriamento gradual, em uma câmara de
gelo seco. Para evitar danos às células, a intenção é que todos os
tecidos se congelem no mesmo ritmo. Todo o processo ocorre de maneira
lenta e pode durar dois dias, quando a temperatura do corpo chega a -79
ºC
4. Depois do resfriamento, o corpo é
submergido lentamente em um tanque de nitrogênio líquido, até ser
totalmente coberto. Quando essa fase termina, após uma semana, o cadáver
está a -196 ºC, impedido de apodrecer. Ele fica no tanque por toda a
eternidade — ou até que alguém invente uma tecnologia para ressuscitá-lo
FONTE: Revista Superinteressante
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