17/07/2011
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12h06
Rede vai monitorar tremores no Brasil
SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com financiamento da Petrobras a um custo aproximado de R$ 20 milhões,
quatro instituições de pesquisa brasileiras estão montando a primeira
rede sismográfica unificada para cobrir todo o território nacional.
Com ela, será possível conduzir estudos mais detalhados do interior da
crosta terrestre em solo brasileiro (área de pesquisa hoje ainda pouco
explorada) e monitorar, em tempo real, tremores de terra que estão
acontecendo em todo o planeta.
No momento, são 67 as estações planejadas, das quais 20 serão de
responsabilidade da USP, 20 da UnB (Universidade de Brasília), 15 da
UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e 12 do ON
(Observatório Nacional).
João Wainer - 12.dez.2007/Folhapress |
Tremor de terra danificou casas no distrito de Vargem Grande, na cidade de Itacarambi (MG) |
Cada estação tem um sensor de banda larga e um acelerógrafo,
dispositivos para o registro de vibrações sísmicas de diferentes
intensidades. Uma antena 3G fornece a conexão com o resto da rede via
internet.
"Conforme o projeto for evoluindo, podemos colocar mais estações e
integrar o sistema com outras instalações já existentes", conta Marcelo
Assumpção, do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas) da USP e coordenador do projeto, chamado Brasis.
CONEXÕES
Quanto maior o número de estações, mais precisão os cientistas têm na
hora de identificar o local de onde se iniciou um tremor de terra.
Isso acontece porque as ondas de choque do abalo sísmico são disparadas
em todas as direções, e diferentes estações as receberão em tempos e
intensidades diferentes, de acordo com a distância do epicentro e a
composição da crosta naquela região. Triangulando todas as informações,
obtém-se o resultado, e quanto mais pontos de observação, mais precisa
fica a análise.
O pessoal da USP já tem dez estações instaladas e operando de forma
integrada --os dados são compartilhados em tempo real pela internet e
processados por um computador--, que identificam automaticamente
terremotos de magnitude 5 para cima na escala Richter. "Já registramos
tremores no Chile, no Peru, na América Central", relata Assumpção.
Para o monitoramento de abalos no Brasil, contudo, será preciso melhorar
a "resolução" da rede, com a instalação de novas estações. Isso porque
os tremores registrados no território nacional, que afetam sobretudo o
Nordeste do país, raramente ultrapassam a magnitude 3.
Quando isso for possível, contudo, espera-se que o projeto não só
alavanque as geociências no Brasil como também cumpra um papel social.
"Poderemos auxiliar ações da Defesa Civil, sempre que necessário", diz
Aderson do Nascimento, sismólogo da UFRN. "O Nordeste é uma zona bem
sísmica, em que tremores de magnitude 2 são sempre bem sentidos pela
população. As pessoas ficam assustadas, e é preciso ter informações
sobre o que está acontecendo."
O pesquisador também destaca a importância do trabalho para a área de
engenharia civil. "Obras devem levar em conta parâmetros sísmicos que só
agora poderão ser incorporados ao seu planejamento", destaca. A
expectativa é que a rede já esteja completamente operacional em dois
anos.
FONTE: Folha.com/Ciência
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