Objetos incas de Machu Picchu são devolvidos ao Peru
DA FRANCE PRESSE
Segurança máxima, televisão ao vivo, recepção presidencial. Cerca de 400 peças arqueológicas
de Machu Picchu receberam uma acolhida excepcional no Peru após serem
devolvidas pela Universidade Yale (EUA), um século depois de seu
"empréstimo" do sítio inca.
Na última quarta-feira, mais de 600 policiais se mobilizaram desde a
madrugada para recepcionar no aeroporto 30 caixas seladas que seriam
liberadas pela alfândega e então transportadas por quatro caminhões até a
sede do governo peruano, em comboio com sirenes ligadas para cruzar o
tráfego em Lima.
"Aqui estão os tesouros arqueológicos de Machu Picchu, restituídos pela
Universidade Yale. O Peru recuperou seu patrimônio, o Peru avança",
comemorava um slogan impresso nos caminhões, que também exibiam uma foto
gigante da cidade inca, um dos pontos turísticos mais visitados das
Américas.
Vários esqueletos completos e ossadas, jarras, peças em cerâmica,
adornos e ferramentas fazem parte do lote. São 366 peças com qualidade
suficiente para serem expostas e cerca de mil fragmentos. Os objetos
foram recebidos ao som do hino nacional, segundo o ministro peruano da
Cultura, Juan Ossio.
"São tesouros mesmo que não sejam feitos de ouro ou de pedras preciosas,
já que representam a dignidade e o orgulho do Peru (...). Bem-vindos a
parte do nosso passado, da nossa carne, do nosso sangue", declarou o
presidente Alan Garcia, cercado por seus ministros, antes dos tiros de
canhão.
Sepres/Reuters | ||
Funcionários inspecinam peças arqueológicas de Machu Picchu que retornaram ao Peru em 30 de abril |
RESTITUIÇÃO
No total, cerca de 45 mil objetos --a maioria fragmentos-- serão
restituídos até o fim de 2012, segundo um acordo concluído em 2010 entre
Yale e o governo peruano. Eles serão entregues à Universidade de Cuzco, cidade de acesso a Machu Picchu e centro histórico do império inca.
Após oito anos de tentativas fracassadas junto a Yale, Alan Garcia
conduziu ano passado uma intensa campanha midiática e diplomática para
recuperar essas peças e associá-las às celebrações, previstas para
julho, da "descoberta ocidental" de Machu Micchu pelo americano Hiram
Bingham.
O arqueólogo-explorador, inspiração para o personagem Indiana Jones,
entrou para a posteridade por ter "descoberto" em junho de 1911 a cidade
inca em um promontório rochoso a 2.500 metros de altitude, na
cordilheira dos Andes. Uma cidade que os conquistadores espanhóis não
haviam conseguido encontrar.
Bingham foi, sobretudo, o homem que revelou ao mundo a existência de
Machu Picchu, apesar de os camponeses locais já saberem de sua
localização há muito tempo. Durante expedições entre 1912 e 1916, ele
levou peças para estudar nos Estados Unidos, comprometendo-se a
devolvê-las --uma promessa não cumprida.
Os tesouros ficarão em "quarentena" por dois dias, serão cuidadosamente
inspecionados e depois expostos por alguns dias em Lima, segundo o
ministro da Cultura.
Eles partirão em seguida para Cuzco, onde permanecerão como peças de
museu e objetos de pesquisa, segundo um acordo entre Yale e o Peru, que
prevê trocas entre pesquisadores e estudantes.
FONTE: Folha.com/Ciência
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