sexta-feira, 8 de julho de 2011

OBJETOS INCAS DE MACHU PICCHU SÃO DEVOLVIDOS AO PERU ( Arqueologia )

01/04/2011 - 16h13

Objetos incas de Machu Picchu são devolvidos ao Peru


DA FRANCE PRESSE
Segurança máxima, televisão ao vivo, recepção presidencial. Cerca de 400 peças arqueológicas de Machu Picchu receberam uma acolhida excepcional no Peru após serem devolvidas pela Universidade Yale (EUA), um século depois de seu "empréstimo" do sítio inca.
Na última quarta-feira, mais de 600 policiais se mobilizaram desde a madrugada para recepcionar no aeroporto 30 caixas seladas que seriam liberadas pela alfândega e então transportadas por quatro caminhões até a sede do governo peruano, em comboio com sirenes ligadas para cruzar o tráfego em Lima.
"Aqui estão os tesouros arqueológicos de Machu Picchu, restituídos pela Universidade Yale. O Peru recuperou seu patrimônio, o Peru avança", comemorava um slogan impresso nos caminhões, que também exibiam uma foto gigante da cidade inca, um dos pontos turísticos mais visitados das Américas.
Vários esqueletos completos e ossadas, jarras, peças em cerâmica, adornos e ferramentas fazem parte do lote. São 366 peças com qualidade suficiente para serem expostas e cerca de mil fragmentos. Os objetos foram recebidos ao som do hino nacional, segundo o ministro peruano da Cultura, Juan Ossio.
"São tesouros mesmo que não sejam feitos de ouro ou de pedras preciosas, já que representam a dignidade e o orgulho do Peru (...). Bem-vindos a parte do nosso passado, da nossa carne, do nosso sangue", declarou o presidente Alan Garcia, cercado por seus ministros, antes dos tiros de canhão.

Sepres/Reuters
Funcionários inspecinam peças arqueológicas de Machu Picchu que retornaram ao Peru em 30 de abril
Funcionários inspecinam peças arqueológicas de Machu Picchu que retornaram ao Peru em 30 de abril
RESTITUIÇÃO
No total, cerca de 45 mil objetos --a maioria fragmentos-- serão restituídos até o fim de 2012, segundo um acordo concluído em 2010 entre Yale e o governo peruano. Eles serão entregues à Universidade de Cuzco, cidade de acesso a Machu Picchu e centro histórico do império inca.
Após oito anos de tentativas fracassadas junto a Yale, Alan Garcia conduziu ano passado uma intensa campanha midiática e diplomática para recuperar essas peças e associá-las às celebrações, previstas para julho, da "descoberta ocidental" de Machu Micchu pelo americano Hiram Bingham.
O arqueólogo-explorador, inspiração para o personagem Indiana Jones, entrou para a posteridade por ter "descoberto" em junho de 1911 a cidade inca em um promontório rochoso a 2.500 metros de altitude, na cordilheira dos Andes. Uma cidade que os conquistadores espanhóis não haviam conseguido encontrar.
Bingham foi, sobretudo, o homem que revelou ao mundo a existência de Machu Picchu, apesar de os camponeses locais já saberem de sua localização há muito tempo. Durante expedições entre 1912 e 1916, ele levou peças para estudar nos Estados Unidos, comprometendo-se a devolvê-las --uma promessa não cumprida.
Os tesouros ficarão em "quarentena" por dois dias, serão cuidadosamente inspecionados e depois expostos por alguns dias em Lima, segundo o ministro da Cultura.
Eles partirão em seguida para Cuzco, onde permanecerão como peças de museu e objetos de pesquisa, segundo um acordo entre Yale e o Peru, que prevê trocas entre pesquisadores e estudantes. 

FONTE: Folha.com/Ciência

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