14/07/2011
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09h14
'Receita' atômica do Big Mac é diferente em cada país do mundo
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE
Big Mac é Big Mac em qualquer lugar do mundo, certo? Não quando se examina o coração atômico do hambúrguer mais famoso da Terra.
No nível das partículas, embora a franquia seja mundial, a carne do sanduíche tem um jeitão bem local.
Divulgação |
Constituição de Big Mac vendido no Japão mostra que carne foi importada de regiões quentes, como na Austrália |
"Isso não tem nada a ver com gosto ou com qualidade nutricional",
apressa-se a dizer Luiz Antonio Martinelli, engenheiro agrônomo do
Centro de Energia Nuclear na Agricultura, ligado à USP de Piracicaba.
Ele e colegas são os autores da análise.
"A gente não conseguiu obter amostras dos 120 países aonde o McDonald's chega hoje, teve de se contentar com 26", afirma ele.
A equipe descolou hambúrgueres de todos os continentes, da América do
Sul (Brasil e Argentina) à Oceania (Austrália) e Ásia (Japão).
A análise englobou as variantes dos elementos químicos carbono e nitrogênio, componentes essenciais do corpo dos seres vivos.
Essas variantes, os isótopos, têm massa atômica diferente (o carbono-12 é mais leve que o carbono-13, por exemplo).
Proporções diferentes desses isótopos aparecem na carne dependendo da
dieta do gado, deixando claro se ele comeu milho e soja (como é comum
nos EUA) ou grama tropical (como ocorre em quase todo o Brasil).
Nesse ponto, o Big Mac de cada país tem sua própria assinatura de
isótopos. O caso mais curioso é o do Japão: lá, como a carne produzida
no país é cara demais, o hambúrguer tem uma assinatura de carbono típica
de boi que andou comendo grama de regiões quentes --importada da
Austrália, no caso.
"Por mais que o produto seja padronizado, isso eles não conseguem padronizar", afirma Martinelli.
O pesquisador faz questão de atacar outro mito do Big Mac: "Não tem
minhoca, não tem frango, não tem porco. É carne bovina mesmo", diz.
Por outro lado, ele lembra que análises de DNA já acharam a assinatura genética de até 20 bois em um único hambúrguer.
FONTE: Folha.com/Ciência
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