18/10/2011
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15h35
Antropólogas defendem que expansão inca pela força não era padrão
DE SÃO PAULO
A fama de mau dos incas, que estabeleceram no passado um enorme império
pré-colombiano na América do Sul, pode não ser tão verdadeira assim,
afirmam duas antropólogas.
A análise de restos humanos feita pela dupla mostra que uma pequena
parte de esqueletos escavados em áreas que já pertenceram ao império
inca, nas proximidades de Cuzco, apresentava ferimentos de guerra.
Débora Melo/Folhapress | ||
Vista da "cidade perdida dos incas", como é conhecida Machu Picchu |
Apenas um entre 36 indivíduos estudados tinha uma ferida na cabeça
relacionada a um ato bélico. Com a expansão do domínio inca entre os
anos mil e 1400, esse número passou a ser de 5 para 199 indivíduos, o
mesmo que somente 2,5%.
Durante o apogeu, aproximadamente entre 1400 e 1532, ficou em 17 para 219 indivíduos, ou 7,8%.
Apesar do registro de ferimentos mais graves depois de 1400, ainda assim
esses indícios são esporádicos, afirma a antropóloga Valerie Andrushko,
da Southern Connecticut State University (EUA), que desenvolveu o
trabalho com Elva Torres, do Instituto Nacional de Cultura em Cuzco, no
Peru.
De acordo com relatos espanhóis, os incas ampliavam o território pelo
dominínio de grupos regionais, propondo-lhes presentes ou proteção
militar. Ao aceitarem essas ofertas, eles se submetiam às regras incas.
Mas, para garantir a adesão, um exército inca permanecia nas
proximidades para agir em caso de a oferta ser recusada.
Segundo o antropólogo Alan Covey, de Dartmouth College, a nova abordagem
indica que o poder inca não se espalhou somente pelo uso da força. Ele
acrescentou que são necessárias, porém, análises de restos de esqueletos
de outras regiões que foram subjulgadas.
O estudo foi publicado na versão on-line do "American Journal of Physical Anthropology" no final de setembro.
FONTE: Folha.com/Ciência
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