14/10/2011
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17h56
Dieta dos hominídeos era mais variada do que se pensava
DA EFE
A dieta dos hominídeos era mais variada do que se pensava, indica um estudo publicado na quinta-feira (13) na revista "Science".
Os professores Peter Ungar, da Universidade do Arkansas, e Matt
Sponheimer, da Universidade do Colorado, revisaram os dados dos últimos
estudos e cruzaram distintas técnicas "para desenvolver uma visão
sintética das dietas dos hominídeos adiantados", afirmaram.
Tradicionalmente, as pesquisas sobre os hábitos alimentícios das
espécies de hominídeos extintas se concentraram no tamanho dos dentes,
na forma e morfologia, assim como em ferramentas de pedra e ossos de
animais sacrificados.
Neste novo estudo, no entanto, os dentes foram observados sob uma
técnica de microanálise do desgaste dental, além de ter sido usada outra
com isótopos para analisar os restos de esmalte.
Os cientistas indicam que o desgaste detectado na microanálise dos
dentes de um animal reflete a dureza e a resistência do alimento que
estava sendo ingerido nos dias ou semanas antes de sua morte.
A medição de isótopos estáveis (especialmente carbono) no esmalte dental
proporciona pistas sobre a proporção de ervas, frutas e nozes que foram
ingeridas.
Após combinar estas duas técnicas, os pesquisadores acreditam que a
dieta humana pode ter sido mais diversa do que se pensava, e reabre a
dúvida sobre as noções atuais a respeito da dieta das espécies extintas.
"Chegamos a um ponto de inflexão na pesquisa sobre a dieta dos
hominídeos, um ponto em que não há mais volta. Claramente, nossas
antigas respostas não servem mais", assinalou Sponheimer, que assegurou
que há razões para otimismo quanto ao avanço desses estudos.
As pesquisas foram realizadas principalmente em fósseis de Etiópia,
Quênia, Tanzânia e África do Sul, e os resultados indicam que espécies
muito similares podem ter tido dietas muito diferentes.
Segundo Ungar, a maioria dos estudos "se fixou no tamanho, forma e
estrutura dos crânios e dentes e os utilizaram para reconstruir a dieta.
Mas isto não diz o que estas pessoas comiam, mas o que poderiam ter
comido".
No entanto, a microanálise revela os arranhões e os golpes nos dentes
devido à alimentação, enquanto os isótopos mostram a composição química
dos alimentos consumidos, fornecendo "rastros da conduta real" destes
hominídeos, enfatizou.
"Se nos fixarmos nos dentes e na forma do crânio, parece que deveria
haver um aumento progressivo no consumo de alimentos duros (por exemplo,
nozes, sementes, raízes, tubérculos) em uma savana aberta", indicou
Ungar.
Mas, segundo seu estudo, parece que algumas espécies comiam ervas duras
ou juncos em vez de arbustos, enquanto outras espécies consumiam
alimentos mais macios, trocando-os pelos duros apenas em sua falta.
Isto significa que a história da evolução da dieta do ser humano "é
muito mais complicada do que costumávamos pensar", assinalou Ungar.
"Já não podemos pensar em termos de tendências no tempo e em padrões
comuns. É possível que o habitat seja muito mais importante na
determinação da dieta que a anatomia da espécie em si".
FONTE: Folha.com/Ciência
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