30/09/2011
-
07h29
Cidade holandesa restringe turismo da maconha a belgas e alemães
DA BBC BRASIL
Os proprietários dos coffee shops, cafés que vendem maconha e haxixe em
quantidades limitadas, da cidade de Maastricht, no sul da Holanda,
decidiram limitar a venda de drogas a turistas --e somente os belgas e
os alemães poderão comprar drogas nesses locais, a partir de 1º de
outubro.
A medida segue uma resolução do Conselho de Estado holandês, e tem como
objetivo diminuir a presença de turistas de países europeus que vão à
Holanda apenas para comprar drogas nos coffee shops em cidades
fronteiriças.
Wiki Commons | ||
Foto de coffeeshop em Maastricht; turismo da maconha é restrito a belgas e alemães |
Maastricht fica bem perto da fronteira com a Bélgica e a Alemanha, mas a
restrição não será aplicada a turistas alemães e belgas, porque segundo
Marc Josemans, presidente da associação Coffee Shops Oficiais de
Maastricht (VOCM, sigla em holandês), o principal alvo da medida são os
turistas de países europeus mais distantes, que chegam de carro e
"perturbam a ordem do trânsito local e causam desordem e destruição,
principalmente nos fins de semana".
A Associação espera diminuir inicialmente em 20% a presença desses
turistas. Segundo Josemans, a meta é que 500 mil consumidores de maconha
e haxixe de países como França, Luxemburgo, Itália e Espanha "se
desencorajem de vir até a Holanda somente para comprar drogas".
"Não descartamos a possibilidade de que os turistas recusados nos coffee
shops venham a comprar droga ilegalmente nas esquinas, o que será
lamentável, mas desde agosto estamos fazendo panfletagem nos cafés
locais e na mídia de países europeus para informar sobre a nova
situação", diz.
Dados do Instituto Nacional para a Gerência de Crises e Segurança
indicam que Maastricht recebe 10.500 visitantes por dia e cerca de 3,8
milhões por ano, sem contar outras cidades fronteiriças, como Rosendaal,
Bergen op Zoom, Terneuzen e Eindhoven, entre outras, que também alegam
ter problemas com turistas em busca de drogas.
RESERVAS DA PREFEITURA
A prefeitura de Maastricht acolheu a iniciativa do setor privado com
reservas, e divulgou nota aberta alertando que há um forte elemento
discriminatório em seu conteúdo.
A administração municipal pediu que o Conselho de Cidadãos fique atento
para informar eventuais "deslizes" da medida, que vai vigorar em caráter
experimental.
De acordo com a nota, o Conselho Municipal vai esperar a publicação da
política nacional relativa às restrições --ou não-- a estrangeiros aos
coffee shops e outras mudanças ao tratamento tolerante às drogas leves
que vigora na Holanda desde 1976.
A prefeitura de Amsterdã, que possui o maior número de coffee shops do
país (em torno de 200), não é a favor de restringir a presença de
turistas nos estabelecimentos, nem de reduzir a quantidade de cafés na
cidade.
A administração da capital, junto de dois terços das 106 prefeituras
holandesas, declarou que não enfrenta problemas com os coffee shops.
Em 2008, houve o fechamento de alguns locais no centro da capital, no
chamado "distrito da luz vermelha", suspeitos de servir de fachada para o
crime organizado.
Outro motivo foi a proximidade dos coffee shops a escolas secundárias. A
lei exige que eles sejam mantidos a um mínimo de 250 metros de escolas.
Segundo a Assessoria de Marketing e Turismo de Amsterdã, cerca de 23%
dos turistas que visitam a cidade vão a coffee shops experimentar alguma
erva disponível no cardápio.
FONTE: Folha.com/BBC Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário