24/10/2011
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11h22
Após cem anos, noruegueses refazem viagem de explorador polar
DA EFE
Quatro noruegueses estão prontos para iniciar uma viagem ao polo Sul
seguindo o mesmo itinerário que seu compatriota, o mítico explorador
polar Roald Amundsen, que se tornou o primeiro a alcançar o ponto mais
austral da Terra.
A expedição, financiada pelas autoridades norueguesas, pretende
percorrer cerca de 1.400 quilômetros em 57 dias para chegar ao polo Sul
em 14 de dezembro, como fez Amundsen um século antes, uma data que será
relembrada em uma cerimônia na qual estará presente o primeiro-ministro
da Noruega, Jens Stoltenberg.
Reprodução |
Retrato do norueguês Roald Amundsen, que se tornou o primeiro explorador polar ao chegar ao extremo sul da Terra |
As condições meteorológicas impediram o grupo de viajar na terça-feira
passada (18) em um avião do Chile até a Antártida para começar a
exploração, mas o atraso não impedirá o cumprimento dos prazos. Para
ajustar o cronograma, eles devem percorrer mais quilômetros por dia.
Ao contrário de Amundsen, os quatro expedicionários não vão viajar em
trenós puxados por cachorros, mas sobre esquis, já que agora é proibido
introduzir espécies estrangeiras na Antártida.
"Não vamos recriar a viagem que Amundsen e sua equipe fizeram há cem
anos. Mesmo o terreno sendo conhecido e o equipamento moderno, só iremos
enfrentar o frio e vento iguais. E ainda os 3.000 metros de altura até o
planalto Antártico", dizem os expedicionários no site do projeto.
ESTUDO CIENTÍFICO, HISTÓRICO E AVENTUREIRO
A exploração terá um triplo objetivo --científico, histórico e
aventureiro-- e será registrada por um documentário para o canal
norueguês TV2, um jornal on-line e um livro que Stein P. Aasheim, um
experiente aventureiro de 60 anos, o mais velho dos quatro, pretende
escrever.
Além de Aasheim, o grupo é composto por Jan-Gunnar Winther, diretor do
Instituto Polar Norueguês; Harald Dag Jolle, historiador polar; e Vegard
Ulvang, explorador e atleta consagrado no esqui com 14 medalhas entre
Jogos Olímpicos e Mundiais.
A ideia da expedição foi do alpinista Rolf Bae, que envolveu em seus
planos Ulvang e Aasheim. Estes dois levaram o projeto adiante depois da
morte de Bae em 2008, quando escalava a montanha K2, no Himalaia.
As autoridades norueguesas e vários patrocinadores privados forneceram
os US$ 899 mil do orçamento da expedição, incluída no programa do ano de
homenagem a Amundsen e a outro grande explorador polar do país nórdico,
Fridtjof Nansen, nascido há 150 anos.
Os quatro membros da expedição se concentraram nas ilhas Svalbard, no
círculo polar Ártico, para realizar treinos prévios, e viajaram na
semana passada a Punta Arenas, no sul do Chile.
Dali, seguirão para Union Glacier, já na Antártida, onde pegarão um voo
para avançar 2.000 quilômetros até Framheim, a "casa do Fram", o nome
dado por Amundsen à baía das Baleias em homenagem ao barco que Nansen
emprestou para sua viagem.
Esta não é a única expedição que este ano homenageia Amundsen. Outra
liderada pelo aventureiro norueguês Jarle Andhoy há alguns meses
terminou com três de seus cinco exploradores mortos e seu barco
desaparecido no oceano Antártico, em meio a críticas de que
desrespeitava as normas de segurança.
Amundsen, que seria o primeiro homem a atravessar a passagem do
Noroeste, que liga o Atlântico ao Pacífico, começou a criar sua lenda
como explorador em 1911, ao derrotar a expedição britânica liderada por
Robert Falcon Scott na corrida para chegar pela primeira vez ao polo
Sul.
A escolha do meio de transporte na época --trenós puxados por cachorros
groenlandeses ao invés dos cavalos mongóis-- foi crucial para a vitória
de Amundsen, que sacrificou vários cães antes de chegar ao polo e
armazenou a carne para o retorno, o que diminuiu o peso e garantiu a
alimentação dos animais na volta.
Menos habituados a temperaturas extremas, os cavalos de Scott tinham de
carregar também sacos de aveia para se alimentar, o que aumentava seu
peso. Todos morreram antes do tempo e a expedição britânica teve de
continuar sem os animais.
Scott e seus homens atingiram seu objetivo dias depois de Amundsen, mas sucumbiram na viagem de volta.
FONTE: Folha.com/Ambiente
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