07/10/2011
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09h46
Micróbios ameaçam pinturas pré-históricas de Altamira, na Espanha
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE
O único jeito de salvar a arte pré-histórica da caverna de Altamira é
trancá-la a sete chaves, afirma um time de pesquisadores da Espanha,
onde estão as pinturas.
Os cientistas acabam de lançar esse apelo nas páginas da prestigiosa revista americana "Science".
Esteban Cobo-16.jul.01/France Presse | ||
Fotografia mostra réplica de pinturas rupestres da caverna espanhola de Altamira |
Analisando dados dos anos 1990 e simulando o impacto de uma nova
enxurrada de visitantes no complexo pré-histórico, a equipe liderada por
Cesáreo Sáiz-Jiménez, do Conselho Nacional de Pesquisa espanhol,
argumenta que Altamira tem de continuar fechada para balanço, situação
que vale desde 2002.
Do contrário, afirmam eles, bactérias e fungos trazidos pelos turistas
vão corroer as rochas da gruta e devorar as próprias pinturas de 15 mil
anos de idade --afinal, os micróbios já tinham alcançado os desenhos no
começo da década passada, e ainda há pequenas colônias deles de bobeira
por ali.
FERAS DO GELO
O complexo, descoberto no fim do século 19, contém alguns dos mais
bonitos exemplares da arte que floresceu na Europa do Paleolítico
(popularmente conhecido como "Idade da Pedra Lascada").
Com cores fortes, detalhismo e aguda observação da natureza, os anônimos
artistas, que já eram seres humanos de anatomia moderna, retrataram
bisões (bovinos selvagens), cavalos e cervos.
Sáiz-Jiménez e seus colegas explicam que as pinturas só duraram tanto tempo por causa do microambiente especial da caverna.
Antes de ser descoberta, ela era um local extremamente estável, com pouca luz, quase nenhum nutriente para micróbios famintos, pouca infiltração de água e baixa conexão com a atmosfera externa --um mundo à parte, ainda na Idade da Pedra. É claro que um conjunto tão bonito, quando fosse revelado ao mundo, atrairia mesmo turistas --por volta de 1970, eram quase 200 mil pessoas passando pela caverna todos os anos.
Antes de ser descoberta, ela era um local extremamente estável, com pouca luz, quase nenhum nutriente para micróbios famintos, pouca infiltração de água e baixa conexão com a atmosfera externa --um mundo à parte, ainda na Idade da Pedra. É claro que um conjunto tão bonito, quando fosse revelado ao mundo, atrairia mesmo turistas --por volta de 1970, eram quase 200 mil pessoas passando pela caverna todos os anos.
Arte | ||
INSUFICIENTE
Nessa época, o governo espanhol verificou que micro-organismos vindos de
fora já estavam causando danos às imagens. Ficou decidido, então, que a
visitação cairia para apenas umas 10 mil pessoas por ano, sem contar
guias.
Não adiantou, principalmente porque a iluminação artificial necessária
para facilitar o turismo favoreceu o crescimento de micro-organismos que
dependem da luz para se multiplicar.
Os turistas também trouxeram sedimentos do mundo exterior e aumentaram a
ventilação, o que favoreceu ainda mais a invasão microbiana. Foi então
que veio o fechamento de 2002.
O problema, argumentam Sáiz-Jiménez e companhia, é que os problemas só
estão estacionados, e não eliminados. Vários tipos de micróbios ainda
povoam a caverna desde sua entrada (veja infográfico).
Eles estão dormentes, aparentemente, mas a volta do fluxo de turistas pode ressuscitá-los.
Uma comissão formada no fim do ano passado pelo governo espanhol está analisando os pedidos para reabrir a caverna, em nome das rendas vindas do turismo.
Uma comissão formada no fim do ano passado pelo governo espanhol está analisando os pedidos para reabrir a caverna, em nome das rendas vindas do turismo.
Na "Science", os pesquisadores pedem que seus argumentos sejam levados em conta.
FONTE: Folha.com/Ciência
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