21/10/2011
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09h36
Megaestudo sobre celular descarta risco de câncer
DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE
O maior estudo já feito até hoje sobre o uso de celulares e o risco de
câncer no cérebro, publicado na quinta-feira, descartou a relação entre o
aparelho e a doença. Mas a controvérsia a respeito da possível ameaça
que o celular representa para a saúde está longe de terminar.
Os pesquisadores usaram um grupo de dinamarqueses que já é acompanhado
desde os anos 1980. Os cientistas tinham em mãos os registros de
assinatura de telefone móvel e os de tumores de 360 mil dinamarqueses.
Arte | ||
Mais de 10 mil casos de tumor no cérebro foram encontrados entre 1990 e
2007, mas a diferença entre a incidência da doença entre usuários e não
usuários de celular foi estatisticamente insignificante, segundo os
autores da pesquisa, liderada por Patrizia Frei, do Instituto de
Epidemiologia de Câncer da Dinamarca, e publicada no "British Medical
Journal".
No entanto, em alguns casos, foi observado sim um risco maior. Homens
que usaram o celular com mais frequência ficaram mais sujeitos a gliomas
(um tipo de câncer) no lobo temporal do cérebro.
O problema, dizem os pesquisadores, é que há um número pequeno demais dessas ocorrências para que elas se tornem significativas.
Arte | ||
Além disso, em relação a outros tipos de tumor cerebral, o risco era
menor para usuários de celular. Em maio, a Organização Mundial da Saúde
anunciou que as ondas do celular estavam entre os elementos
possivelmente cancerígenos, ao lado do café e de pesticidas.
CONTRA-ATAQUE
"Esse estudo foi feito para tirar a conclusão de que não há risco. Ele tem falhas graves de método", disse à Folha
a epidemiologista americana Devra Davis, presidente da fundação
Environmental Health Trust, que lida com riscos ambientais de doenças.
Davis, autora do livro "Disconnect" (sem edição no Brasil), sobre as
relações entre uso de celular e problemas de saúde, preparou, em
conjunto com outros especialistas, um documento em que refuta as
conclusões da pesquisa dinamarquesa.
Um dos maiores furos do estudo, diz a pesquisadora, é a exclusão dos
assinantes corporativos, os executivos, que foram os maiores usuários de
celular nos anos 1990.
Outro problema grave, segundo ela, é a forma como a população foi
separada em usuária ou não de celular. Foi considerado como usuário quem
iniciou sua assinatura até 1995.
Ainda que os celulares tenham sido introduzidos na Dinamarca cedo, a
partir de 1982, não dá para descartar que muitos tenham feito sua
primeira assinatura depois dos anos 1990. Quem tem celular pré-pago
também não entrou na conta.
Assim, o que o estudo está comparando são dois grupos de cidadãos que
poderiam estar igualmente expostos às ondas do celular, em vez de um
conjunto de usuários versus outro de não usuários.
Para Davis, só trabalhos com amostras compostas por milhões de pessoas e
de longo prazo (mais de 20 anos) vão encontrar resultados plausíveis.
"Se você fizer um estudo com gente que fuma há dez anos, também não vai
achar risco maior de câncer."
FONTE: Folha.com/Equilíbrio e Saúde.
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