13/09/2011
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07h56
Casa de Hitler na Baviera guarda dilema sobre conservação
FRANCIS CURTA
DA FRANCE PRESSE, EM BERCHTESGADEN
DA FRANCE PRESSE, EM BERCHTESGADEN
Sessenta e seis anos após sua morte, a alma de Adolf Hitler assombra
ainda hoje uma montanha da Baviera --os alemães não sabem o que fazer
dos vestígios de sua casa; e alguns não a querem como curiosidade
turística, nem como memorial.
Bombardeada, dinamitada, desimpedida com máquinas, não resta muito de
"Berghof", a residência favorita do Führer nos Alpes, que frequentava
regularmente durante mais de dez anos antes da morte, num bunker em
Berlim, em 1945.
Wikimedia Commons |
Casa de Hitler de Berghof, com data atribuída a 1936 |
As autoridades evitam indicar o caminho, e é só quando se está no local
que se descobre, num desvio da pista de cascalhos, no meio de uma
floresta de pinheiros, um pedaço cinzento de muro, meio perdido na
montanha, acompanhado de um quadro explicativo.
É o único vestígio que leva à casa que conhecemos principalmente através
de filmes amadores, que mostravam um Hitler sorridente no terraço, ao
lado de Eva Braun, tendo ao fundo a paisagem idílica.
Situada a meio caminho de Oberzalsberg, a montanha que domina a aldeia
de Berchtesgaden, na fronteira germano-austríaca, o lugar serviu de
estadIa para os soldados americanos de infantaria, GI's, antes de sua
partida, em 1995.
"Quando os americanos estavam lá, não havia problemas," afirma Ingrid
Scharfenberg, 80, que dirige desde o final da guerra a pequena pensão
"Zum Türken" bem ao lado de Berghof, e que, hoje, está mal acomodada, em
relação à notoriedade da vizinhança.
"As pessoas dizem que esta é a montanha nazista e que todos em
Berchtesgaden são nazistas. Mas não se pode detestar dez gerações
simplesmente porque Hitler viveu aqui", comenta ela.
PEREGRINAÇÕES
"Não há peregrinações neonazistas aqui", assegura por sua vez o diretor da agência de turismo, Michael Griesser.
"Os neonazistas são raros", afirma Axel Drecoll, 36, historiador do
Centro de Documentação de Obersalzberg, que apresenta uma exposição
sobre Hitler e a ditadura nazista.
De qualquer maneira, junto da casa, "um pequeno número de pessoas
acendem, em segredo, velas e depositam flores, por ocasião do
aniversário, ou para lembrar a morte" do ditador, acrescenta ele. Mas
tudo é recolhido e jogado fora pelo porteiro do centro, que fica
próximo.
Se o caminho em direção à residência de Berghof permanece quase
confidencial, não acontece o mesmo com a estrada que leva ao "Ninho da
Águia", um chalé construído pelos nazistas no pico de uma montanha
vizinha, oferecido de presente a Hitler pelo seu aniversário de 50 anos.
ROTA
Às dezenas de milhares, os turistas pegam uma rota vertiginosa para beber aí uma cerveja e admirar a paisagem espetacular.
Para alguns, a aura do ditador envenena menos o Ninho da Águia do que a
casa de Berghof, porque Hitler sentia vertigens, e ia pouco no primeiro
local citado.
Para evitar qualquer curiosidade doentia, o Estado da Baviera retirou de
helicóptero, do Ninho da Águia, alguns móveis de época que ainda
estavam no local.
Numerosos historiadores, entre eles Egon Johannes Greipl, chefe do
Departamento bávaro de Monumentos Históricos, gostariam de ver tombados
todos os sítios nazistas da região.
"Ninguém pensaria em demolir as ruínas de Olímpia (na Grécia) a pretexto
de que tudo ficaria mais bem apresentado num Centro de documentação",
afirma Greipl. "São testemunhas in loco da História", que falam de um
período crucial e de um fato, os crimes nazistas".
TOMBAMENTO
Greipl considera incoerente que a Baviera tenha incluído, secretamente,
durante décadas, esses locais numa lista de sítios históricos
protegidos, antes de decidir "por motivos políticos" varrê-los do mapa.
"Atribuir um estatuto cultural particular à casa Berghof" e a outras
ruínas nazistas, entre elas 12 quilômetros de bunkers e de túneis sob a
montanha, "serviria apenas para encorajar a construção de uma espécie de
trilha do nacional-socialismo", replica Walter Schön, funcionário local
encarregado do patrimônio e número dois do ministério da Justiça da
Baviera.
Charlotte Knobloch, dirigente da comunidade judaica de Munique, lamenta igualmente qualquer ideia de tombamento.
"De qualquer forma, não resta nada" de Berghof e é preciso evitar fazer da casa um alvo de peregrinação neonazista, segundo ela.
Drecoll, por sua vez, tem menos medo de atrair grupos de extrema-direita
do que ver os locais desvirtuados numa espécie de "Disneilândia do
nazismo", fora do contexto histórico.
"Claro, é preciso satisfazer a curiosidade dos turistas, mas sem cair no
sensacionalismo", diz ele. A grande dificuldade é evitar que "a
pesquisa histórica ceda lugar ao kitsch comercial".
FONTE: Folha.com/Turismo
Um comentário:
Baviera Golf such a nice blog thanks for sharing it. it is very useful blog. I would like to read more in future.
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