A evolução tecnológica/Os primeiros instrumentos e o fogo
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O período da Pré-história compreende do surgimento do homem (3,5
milhões de anos) aos primeiros indícios de registros escritos (4.000
a.C.). Este período é dividido em: Paleolítico (3,5 milhões de anos a
10.000 a.C.)[1];
Mesolítico (10.000 a.C. a 8.000 a.C.); e Neolítico (8.000 a.C. a 4.000
a.C.). Estas datas são tomadas como base, podendo ocorrer alterações de
região para região.
O conhecimento sobre este período é incompleto, pois não pode-se
chegar a uma conclusão dos objetos utilizados. Objetos deterioráveis
(madeira, pele, etc.) já estão decompostos, assim, praticamente, os
únicos meios para se estudar o desenvolvimento neste período é através
de objetos com demorada decomposição[2]: pedra, sílex[1], osso e restos de animais.[3]
A subsistência do homem nesse período era inicialmente conseguida
através da caça de animais e coleta de frutos silvestres. Para isto o
homem utilizou ferramentas, que eram lascas de pedras ou ossos. Porém,
neste período o desenvolvimento consagrado é lento, gradual, e isto é
observado, no início, no fato de uma única ferramenta ser utilizada para
diversos feitos; e serem provenientes de lascas de pedras.[3]
Para o homem da Pré-história conseguir seus instrumentos, ele lascava
pedras. Para produzirem uma lasca preparavam o núcleo da pedra,
deixando uma superfície plana, e então golpeavam essa superfície (lugar
denominado plataforma de percussão) com um martelo de pedra; abaixo ao
lugar onde foram dados os golpes denomina-se ponto de impacto, formando
neste lugar uma saliência denominada bulbo de percussão; ao lado desta
saliência, apresenta uma marca (marca bulbar), estas são fraturas que se
desprendem do resto da pedra, constituindo assim uma lasca. Após isso,
fazia-se um processo de lascagem denominado retoque: processo de
finalização, onde aplicava-se a lascagem por compressão. Este processo
de finalização, porém, constituía uma nova fase, com uma técnica mais
evoluída e utilizada para tornar estas lascas com uma lâmina mais
afiada.
Os instrumentos deste período podem ser divididos em quatro tipos:
- Instrumento Biface: machado de mão, feito por golpes dados no núcleo da pedra; possui duas bordas cortantes opostas.
- Trinchante: instrumento com uma só borda; feitos de seixos (semelhante a um cascalho, porém pouco menor) que são lascados em um lado, ou nos dois lados da borda de corte.
- Ferramenta de Lasca: instrumentos de corte, grande, alongado e em forma oval; produzidos com martelo de pedra ou madeira.
- Instrumento Laminado: lascas muito bem preparadas, possuindo uma lâmina muito fina e, por isso, muito afiada.
Índice[esconder]
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[editar] Período Paleolítico Inferior
Este é o mais longo período da Pré-história,[4]
sendo seus instrumentos encontrados próximo a vales, assim se deduz que
o homem vivia, neste período, perto de fontes de água. Inicialmente, a
tecnologia utilizada era muito precária. Os primeiros instrumentos
feitos pelo homem, constituindo o processo evolutivo Abevilense, eram
machados de mão[2] e as lascas de pedra[1].
Esses machados são os mais antigos e rústicos instrumentos, sua forma
varia e o lascamento é irregular, assim apresenta a sua borda cortante
sinuosa, provavelmente eram feitos por martelos de pedra. Quanto às
lascas resultantes é muito provável que não tinham utilidade nenhuma,
somente eram provenientes da manufatura dos machados.
Após uma pequena evolução na tecnologia de fabricação desses
instrumentos, esta praticamente estagnou-se por um longo período, não
apresentando processo evolutivo significativo. Após isso, consistiu-se
um novo processo denominado Acheulense, tendo como característica a
fabricação do machado de mão, com predominância de formas ovaladas.
Depois, neste mesmo processo, passou a apresentar machados de mão com
formas ovaladas e acentuada sinuosidade do fio. Em seguida, passa a
predominar o machado de mão com forma de lança, onde havia um fio de
corte reto ou côncavo, e apresentavam suas superfícies mais planas. Na
última fase, apresenta-se machados de mão com fios retos e muito bem
polidos, com forma alongada. Em todas essas pequenas evoluções, sempre
esteve presente, porém em pequena escala, as trinchantes e os machados
de mão com forma triangular.
A partir de agora, o processo evolutivo é denominado de Clactonense,
onde os instrumentos passam a ficar, gradativamente, mais afiados.
Predominam os objetos lascados — ou seja, ainda fabrica-se machados de
mão —, além também da manufatura das trinchantes. Os objetos lascados
são feitos a partir do núcleo de pedras de sílex, tendo formas
irregulares; geralmente não são polidos, porém às vezes verifica-se a
prática do processo de retoque.
Então, os instrumentos passam a ter um aspecto mais em forma de
lança, sendo aperfeiçoados para terem maior poder de corte. São
submetidos a um processo especial de preparo do núcleo da pedra: grande
avanço dessas ferramentas. De uma forma gradual vão se aperfeiçoando,
neste novo processo denominado Lavaloisense. A primeira fase deste
processo (Lavaloisense Inferior) caracteriza-se por lascas pesadas e
lâminas de forma convexa; suas plataformas de percussão não são polidas.
O Período do Paleolítico Inferior passa a ser substituído pelo
Paleolítico Médio, onde nesse o processo evolutivo Lavaloisense tem
continuidade.
[editar] Período Paleolítico Médio
A partir do Paleolítico Médio o Lavaloisense passa a apresentar
consideráveis evoluções na técnica de produção dos instrumentos.
Caracterizando a fase do Lavaloisense Médio, tem-se o processo de
manufatura das lascas aperfeiçoado: as lascas tornam-se mais leves,
finas e mais retocadas; suas lâminas tornam-se mais afiadas; e a sua
forma passa a ter aspecto mais triangular. Por seguinte, na fase
Lavaloisense Superior, os objetos lascados são manufaturados em formas
ovais e alongadas, e espessura mais fina (tem melhor corte); e o
processo de retoque é ainda mais aperfeiçoado. No Lavaloisense Final,
tem-se a fabricação de lascas com ponta bastante triangular e um
aperfeiçoamento no processo de retoque da lâmina, que se torna mais
comum.
Esse processo evolutivo não pode ser seguido rigorosamente para
designar o desenvolvimento em todas as regiões, pois isso ocorre de
diferentes formas de desenvolvimento para cada região. Isso é
verificado, por exemplo, pelo fato de que em regiões onde encontra-se o
sílex em grandes blocos de pedras foi empregado técnicas para a
manufatura do maior tamanho possível de lascas. Já em regiões onde os
blocos de pedras eram menores, encontra-se lascas com tamanhos menores.
Dependendo da região e da técnica empregada — lascas feitas a partir de
blocos maiores ou menores —, as lascas são encontradas em cavernas e
abrigos de rocha, ou em lugares abertos.[3]
Além disso, foi a partir deste período que o homem descobre como fazer fogo. [5]
E também, foi quando o homem passa a produzir instrumentos, ou
ferramentas, a partir de ossos. A técnica, embora ainda muito primitiva,
consistia na fabricação de instrumentos para triturar, que tinham como
finalidade, servirem de apoio para cortar. Estas ferramentas foram
encontradas em locais fechados, sendo que não foram encontradas em
locais abertos devido à decomposição que estas ferramentas sofreram.
Assim, não pode-se ter certeza em afirmar de que foi somente a partir
deste período onde começou a prática da fabricação de ferramentas de
osso. Conclui-se que pode ter havido a prática da técnica de fazer
instrumentos de osso no Paleolítico Inferior, porém devido ao fato de
eles estarem sujeitos à decomposição — o homem nesta época não vivia em
abrigos fechados, somente em lugares abertos — não foram encontradas
ferramentas pertencentes ao período do Paleolítico Inferior.[3]
[editar] Período Paleolítico Superior
Esse período é, dentre os períodos paleolíticos, o menos extenso.
Porém, é o período onde ocorre o mais significativo progresso evolutivo,
no qual os machados de mão e as lascas são substituídos por
instrumentos que apresentam uma maior prática de técnicas, a partir
deste período são produzidas lâminas com preparo especial e instrumentos
diversificados.
Apesar do processo de preparação de lâminas já ter sido utilizado em
períodos anteriores, foi no Paleolítico Superior que mais desenvolve-se,
pois agora, além de rochas comuns e do sílex, são utilizados o osso, o
marfim e chifres. Agora, também, o homem passa a viver em moradias,
estas ainda muito simples, de forma ovalada e alongada. O homem começa a
ter uma vida social mais complexa, com a pratica de uma caça coletiva.
O período do Paleolítico Superior é subdividido em Perigordense,
Aurignacense, Solutrense e Magdalenense. Cada subdivisão compreende um
ou mais instrumentos que a caracteriza: buris, raspadeiras, pontas,
perfuradores, etc. O buril tem grande importância para com o trabalho em
ossos, possibilitando também a maior facilidade no desenvolvimento da
arte. As pontas, como, por exemplo, a ponta com espigão (ferramenta
semelhante a um martelo), possibilitou a fabricação de projéteis com
cabo e agulhas com orifício, que implicaram na costura de roupas.
Desenvolvem-se também a arte de desenhos nas paredes de cavernas, e
gravações e esculturas em pedras e ossos.
Na subdivisão do Paleolítico Superior, há uma certa complexidade em
relação ao Perigordense e Aurignacense. A sequência adotada designa que o
Perigordense, compreende Aurignacense Inferior e Aurignacense Superior;
e que o Aurignacense, compreende o Aurignacense Médio. Em ordem
cronológica a evolução tecnológica da ferramentas se deu da seguinte
maneira: tanto no Perigordense quanto no Aurignacense, temos como
característica principal as lâminas de fio e costas bem retocadas.
O período Aurignacense Inferior caracteriza-se por lâminas com longas
pontas curvas, sendo que as costas desta ferramenta não apresentam
corte (pontas de Chatelperron). Por seguinte, temos o Aurignacense
Médio, onde desenvolve-se todos os instrumentos característicos do
Paleolítico Superior (buril, pontas, raspadeiras). Nesse etapa temos,
também, uma larga utilização de ossos, para a fabricação de dardos de
arremesso, instrumento que servia de apoio para lançamento de setas.
Surgem também as técnicas de criação de enfeites pessoais, usados como
colares e feitos de dentes ou de marfim perfurados. Já no Aurignacense
Superior, temos a produção de lâminas com pontas retas e costas sem
corte (pontas de Gravette). Após uma pequena evolução da tecnologia,
temos o buril (com pontas bastante angulares); e as pontas de espigão,
que apresentam forma de lâminas.
Compreendendo uma outra subdivisão do Paleolítico Superior, a
Solutrense, temos grandes aperfeiçoamentos de trabalho em sílex, com o
desenvolvimento de lascas chatas, regulares e fios de corte paralelos.
Este desenvolvimento já vinha acontecendo no final do período anterior,
mas é a partir do Solutrense que ocorre um aperfeiçoamento real: lascas
laminadas com formas simétricas — denominadas, pela sua forma, folhas de
louro — e pontas com ressaltos. Compreendendo um desenvolvimento dos
instrumentos característicos do Paleolítico Superior, temos o
desenvolvimento de perfuradores, uns com aparamento delicado e outros
com aparamento bastante rude. A manufatura de ossos para serem
utilizados como instrumento ocorre de uma forma secundária, embora mais
intensiva do que em períodos anteriores.
O Solutrense Inferior tem como instrumentos característicos, as
pontas retocadas, principalmente em sua parte superior, sendo que parte
inferior era aparada para ficar com uma base lisa (processo de retoque) e
com pontas afiadas, pontas denominadas folhas de protolouros, ou pontas
protosolutrenses. No Solutrense Médio realmente aparecem as folhas de
louro, lâminas bifaceadas, sendo que as primeiras eram rudes e grossas, e
as últimas tiveram forma fina e regular, submetidas a um processo de
retoque. Na subdivisão do Solutrense Superior, temos como característica
as pontas chanfradas (com chanframento único em sua base), bem como
folhas de louro pequenas (submetidas a um bom processo de retoque).
Chegando à última fase do Paleolítico Superior, temos o Magdalenense,
este se destaca pelo grande desenvolvimento das técnicas de utilização
de osso e chifres para a produção de ferramentas. Esta técnica atingiu
seu auge a partir do Magdalenense Médio.
Os instrumentos característicos desta fase Magdalenense são os feitos
de ossos, sendo: pontas de azagaia (lança curta de arremesso) com base
chanfrada ou bifurcada; arpões (lança longa para caçar); agulhas
(instrumentos finos e com um orifício em uma das extremidades),
apoios-guias para o lançamento de setas, perfuradores, arremessadores de
lança, cinzéis (instrumento cortante em uma das extremidades); etc.
Os instrumentos característicos do Paleolítico Superior — estes são
instrumentos de pedra — presenciam esta última fase, porém não
apresentam grandes sofisticações, com exceção do buril com bico de
papagaio (tem esse nome pois apresentam uma ponta com a forma de um bico
de papagaio). Os instrumentos desta fase teve, durante ela, pequenos
aperfeiçoamentos, como o manufaturamento em forma alongada, com lados
paralelos e com dupla função: perfuradores-raspadeiras, raspadeiras de
duas pontas e raspadeiras-cinzéis.
Este período (Magdalenense) se caracteriza essencialmente pela
utilização de ossos para a fabricação de instrumentos, sendo assim esta
fase apresenta seus processos evolutivos relacionados com a utilização
do osso. O Magdalenense Inferior caracteriza-se por pontas de azagaia
com base chata, chanfradas ou em forma de cone. O Magdalenense Médio
apresenta arpões de osso e chifre com uma de suas laterais farpadas. O
Magdalenense Superior tem como instrumentos característicos arpões com a
suas duas laterais farpadas.
[editar] Período Mesolítico
O Período Mesolítico está compreendido entre o período Paleolítico e
Neolítico (ou Idade da Pedra Polida), porém não pode ser definido como
uma fase de transição entre estes dois períodos. Isso porque apresenta
características próprias em sua cultura, porém, em relação ao
desenvolvimento dos instrumentos, ocorreu que alguns instrumentos ainda
continuaram sendo utilizados, já outros foram aprimorados.[3]
O período Mesolítico tem grande influência da técnica dos micrólitos,
já iniciada superficialmente no Paleolítico Superior. Os micrólitos
eram instrumentos característicos do Paleolítico Superior — como buris,
raspadeiras, pontas e perfuradores, etc. — de forma pequena, geométrica e
feitos de sílex.
Este período, caracteriza-se essencialmente por arpões planos (feitos
de chifre de veado e base perfurada); por instrumentos de pedra, com
aspecto de micrólitos, compreendendo raspadeiras redondas, pontas,
lâminas de cinzéis; e por instrumentos de ossos, como pontas de ossos e
chifres, porém em quantidades mínimas de fabricação.
Durante esse período aperfeiçoou-se vários instrumentos, além de
novas invenções, sendo uma delas muito especial, trata-se do microburil
(buril com forma pequena). Em tempos mais medianos deste período,
encontra-se a manufatura de instrumentos mais pesados, provavelmente
utilizados para o trabalho em madeira. Dentre os instrumentos pesados
incluem lascas, lâminas, perfuradores, cutelos (instrumento cortante e
semicircular), raspadeiras côncavas e picaretas — este período é
caracterizado por um tipo especial de picareta. Além disso encontram-se
rudes machados, raspadeiras de quartzo e picaretas simples. Estes
instrumentos, para serem aprimorados, sofreram influências da mudança de
alimentação destes homens então presentes.
Em uma fase mais avançada, após passado da metade deste período,
aparecem maiores quantidades de implementos de madeira: cabos, remos,
pirogas (embarcação comprida, estreita e veloz), etc. Além desses, os
instrumentos mais importantes que aparecem são os feitos de ossos:
pontas de ossos (muitas vezes apresentando farpas), estas colocadas em
lanças, arpões de pesca e de caça. Tem-se também machados de sílex,
machados de chifre e perfuradores.
Na fase final do Paleolítico Médio, apresenta-se machados de chifre
com cabos; raspadeiras — de extremidades arredondadas e longas lâminas,
ou raspadeiras pequenas, largas e ovais; buris; e setas, que implicam no
uso do arco.
A partir desta fase final do Mesolítico ocorrem alterações geológicas
de uma forma gradual — a Era Glacial chegava ao seu fim,
consequentemente, as geleiras começara a derreter, fazendo com que
ocorressem transformações geológicas —, esta transformação levaram
milhares de anos para se estabilizarem: a mudanças foram no clima
(temperatura, umidade, etc.), no índice pluviométrico, no nível dos
mares, na flora (formações de florestas que se alastraram, ou a formação
de desertos com o esgotamento de algumas extensões de florestas), na
fauna (ocorreram mudanças na forma de vida dos animais), e ocorrem
transbordamento dos rios — em fases posteriores foram importantes para
que ocorresse a fertilização das terras e sua utilização agrícola —,
etc.[6]
Ainda no final do período Mesolítico ocorreram, em algumas regiões em
especial, o desenvolvimento de comunidades menos nômades do que as de
períodos anteriores e que praticavam mais intensamente agricultura.
Estas comunidades eram menos nômades pois passavam mais tempo em uma
determinada região, sendo que estas regiões eram principalmente aquelas
que lhes forneciam maior quantidade de alimentos. Os instrumentos
desenvolvidos nessas regiões especiais eram inovadores, e consequência
de maior intensidade da prática agrícola: ferramentas de carpintaria.
Estas ferramentas de carpintaria eram: enxós, ferramentas de carpinteiro
para desbastar madeira e que tinha cabo curto e lâmina cortante; goiva,
instrumento de carpinteiro, sendo que tinha cabo de madeira e lâmina
convexa; seta com ponta de osso, instrumento que servia para matar
animais de pêlos, e que preservava a pele do animal para sua posterior
utilização.
Então, a partir do fim deste período, passa a predominar um período —
Período Neolítico — centralizado no desenvolvimentos de vários objetos e
instrumentos que são fabricados a partir de ossos. Porém a transição do
período Mesolítico para o Paleolítico compreendeu muitos séculos,
através de um complexo processo.
[editar] Período Neolítico (ou Idade da Pedra Polida)
O Período Neolítico é caracterizado pelo cultivo de alimento e pela
criação de gado (de abate ou para fornecimento de alimento). Ou seja,
isso gera mais independência do homem quanto à sua alimentação, isso por
que o homem não limitava-se mais a um lugar para obter seu alimento,
ele mesmo poderia produzi-lo, além de ser o quanto necessitava — em
período anteriores o homem dependia das condições de alimentação de uma
região, e quando estas esgotavam-se deveriam partir para outro lugar
(processo nômade).
Assim o homem neolítico passa a caracterizar um novo processo de modo
de vida: processo de sedentarização. Isso era necessário, pois havia um
crescimento populacional, e, com o controle da produção de alimentos e
da criação de gado, poderia-se aumentar essa produção para suprir as
necessidades. A produção de alimentos baseava-se no cultivo de cereais —
inicialmente trigo e cevada —, e a criação de gado baseava-se em
animais com chifres e em caprinos, além de carneiros. Esse processo
ocorrido — transição de caça e pesca para um processo de cultivo de
alimento e criação de gado — chama-se Revolução Neolítica.[7][1]
Além disso, o fogo passa a ter uma maior utilização, sendo utilizado
para amolecer os alimentos (cozinhar) e endurecer lanças. A utilização
do fogo é de difícil compreensão quanto ao fato de como começaram a
produzi-lo. Sua utilização tem raízes no Paleolítico Médio, porém nessa
fase é restrito somente a algumas regiões mais desenvolvidas e
encontrados somente poucos indícios, assim sendo a sua utilização mais
intensiva foi neste último período da Pré-história. Sua produção
provavelmente foi a partir de faísca geradas por raios que caíam em
folhagem seca, assim isso fez acender fogueiras de onde o homem pôde ter
pegado algo em chamas (galhos, por exemplo), para fazerem pequenas
fogueiras. Esta possibilidade pode ter incentivado o homem a produzir
por ele mesmo o fogo, através do atrito que faz surgir faíscas e acender
folhagem seca. O que também motivou o homem a produzir fogo foi o
amolecimento dos alimentos — não é muito provável pois não havia
necessidade de os homens quererem alimentos amolecidos, levando em
consideração que tinham seus dentes e maxilares adaptados para isso —,
ou, e possivelmente, a alteração do sabor dos alimentos, que melhorou.[6]
Para o cultivo das terras produtivas, que precisavam ser revolvidas,
foram inventados instrumentos apropriados: plantador, bastão empregado
como cavadeira em algumas regiões, e em outras regiões a enxada (lâminas
feitas de pedra ou chifre, e, posteriormente, de madeira). Devido ao
excedente de produção, surgiram locais apropriados para o armazenamento
desse excedente: celeiros e silos (locais que mantém conservado, por um
certo período de tempo, os alimentos); estes eram, respectivamente, casa
para armazenagem construída sobre o solo e local de armazenamento
subterrâneo.
Para a colheita dos cereais e sua posterior transformação em farinha,
foram inventados implementos (ou seja, instrumentos fundamentais,
indispensáveis). Estes implementos eram a ceifadora, esta consistem em
pedaços retos de madeira com uma pequena fileira de pedras constituídas
por serras; a foice curva feitas de madeira, ou de ossos (especialmente
maxilares de animais), com pontas de sílex; para a trituração dos grãos,
tinha-se o conjunto pilão e almofariz, ou mesmo eram triturados com
pedras de forma arredondada, e este último meio (pedras arredondadas)
por ser mais usual passou por transformações até chega ao modelo padrão
do moinho de mão.
A criação de gado implicou na utilização de novos instrumentos de
cultivo. O gado podia ser facilmente transportado, sendo assim era
facilmente concebido a troca, ou até mesmo eram roubados. Este último
permitiu o desenvolvimento de instrumentos de guerra, pois estes
instrumentos eram um meio pelo qual proprietários de gado poderiam
garantir que seu gado não fosse roubado. Além disso, leva-se em
consideração a competição por terras cultiváveis para contribuir com o
desenvolvimento de instrumentos.[3]
Nesse período desenvolveu-se técnicas para que fossem manufaturados
produtos têxteis. Estes precisavam de matérias-primas, a lã ou o linho,
que precisavam ser cultivadas — talvez utilizavam a lã de carneiros,
porém não há certeza quanto a isso. As fibras deveriam ser enroladas
para serem transformadas em fios, compreendendo assim um fuso
(instrumento roliço onde os fios são enrolados). Máquinas de tear não
existiam nesse período, foram invenções posteriores, assim os tecidos
eram manufaturados.
Quanto às moradias do Neolítico, caracterizam-se, em geral, por serem
mais sólidas e cômodas do que as de períodos anteriores; outras
caracterizavam-se como casas retangulares e muito compridas. Porém, em
algumas regiões, as moradias utilizadas eram ainda cavernas e abrigos. O
materiais utilizados para a construção eram diversos, sendo que o mais
utilizado era o adobe; algumas regiões compreendiam a utilização de
galhos sobrepostos, recobertos por barro. Para a construção do telhado
utilizava-se, geralmente, folhas. Essas moradias possivelmente tinham
móveis feitos de madeira, porém esta afirmação não é consistente, já que
a madeira se deteriorou e não há como provar. Todavia, os móveis de
madeira foram substituídos por móveis de pedra, sendo sua existência
mais consistentes devidos aos indícios encontrados. Dentre os móveis,
havia: camas, armários e prateleiras para se guardar utensílios. A
iluminação e o calor eram provenientes de lareiras, estas serviam também
para cozinhar, porém para isso estas lareiras eram complementadas com
fornos de argila; o tamanho destas lareiras estava relacionado com as
temperaturas das diversas regiões.
As evoluções mais significativas deram-se na Europa, sendo também o
lugar que constituía as aldeias mais completas. Poucas aldeias
apresentavam desenvolvimentos de instrumentos de defesa até a fase final
deste período, sendo que as poucas aldeias que apresentavam esse
desenvolvimento utilizavam como objetos de defesa, ao redor das aldeias,
os fossos (cavidades no solo) e as paliçadas (estacas de defesa).
Então, a partir da fase final do Neolítico, praticamente todas aldeias
apresentavam objetos defensivos, ou de guerras, tais como machados de
guerra (em pedra) e objetos de sílex.
Ocorreu em sepulcros do Neolítico, a construção de tumbas gigantescas
de pedras extraordinariamente grandes e pesadas — estas tumbas são
chamadas de megálitos. Outras tumbas, menores, porém com as mesmas
funções e, além disso, com maior aplicação de tecnologia, eram feitas de
pedras pequenas e teto feito por modilhões (projetos arquitetônicos nos
quais apresentavam formas sinuosas).
Os desenvolvimentos em cada região, porém, se deram em diferentes
tempos. Todavia, os instrumentos produzidos e desenvolvidos eram, em
geral, os mesmos ou muito semelhantes. Nesse período, o que também
contribuiu para o desenvolvimento foi o intercâmbio existente entre as
regiões, permitindo, assim, que técnicas fossem permutadas,
consequentemente, ocorreu um maior desenvolvimento devido a isso.[3]
FONTE: Wikilivros
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