07/09/2011
-
08h42
Observatório no Nordeste vigia trajetória de asteroides
SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um observatório astronômico construído no sertão nordestino para
rastrear asteroides que ameaçam a Terra entrou em operação e já
acompanha seus primeiros objetos, afirmam os coordenadores do projeto.
"Na semana passada, conseguimos, pela primeira vez, controlar o
telescópio via internet, do Rio", disse Daniela Lazzaro, líder
científica do esforço e astrônoma do Observatório Nacional.
Ela falou durante a 36ª Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira, em Águas de Lindoia (SP).
O projeto Impacton (sigla "esperta" para Iniciativa de Mapeamento e
Pesquisa de Asteroides nas Cercanias da Terra no Observatório Nacional)
foi proposto em 2002.
Mas só em março deste ano o telescópio, em Itacuruba (interior de Pernambuco), fez sua primeira observação.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
POR QUE A DEMORA?
"É a pergunta que todos fazem", afirma Teresinha Rodrigues, pesquisadora
que coordenou a montagem do Oasi (Observatório Astronômico do Sertão de
Itaparica).
Os cientistas alegam que a rigidez das regras para o gasto das verbas atrapalha.
"Para construir um muro que seja, no meio do nada, é difícil conseguir
uma empresa disposta a fazer, que dirá entrar numa licitação."
Para montar o telescópio de um metro, o grupo brasileiro levou o mesmo
tempo que uma organização internacional planeja para erguer um de 40 m.
NÃO PERDER DE VISTA
Agora que o telescópio pode ser controlado pela internet, não será
preciso enviar equipes do Rio em expedições de observação. A quantidade
de dados coletados deve aumentar.
O objetivo do Impacton é acompanhar bólidos recém-descobertos por outros
grupos. "Cerca de 70% dos novos asteroides são imediatamente perdidos",
diz Lazzaro. "É feita uma estimativa da órbita, conclui-se que o
asteroide não vai colidir com a Terra e ele é abandonado. Mas essa
órbita determinada às pressas é imprecisa."
A meta da equipe é criar uma base de dados robusta sobre NEOs (Objetos Próximos à Terra, em inglês).
O grupo ainda está calibrando os instrumentos, mas já tem histórias para contar.
O grupo ainda está calibrando os instrumentos, mas já tem histórias para contar.
"Em 11 de abril, um astrônomo amador da Inglaterra encontrou um objeto.
Ele chegou a estar a 525 mil km de nós", conta Lazzaro. "O bichinho
andava numa velocidade muito grande, foi um ótimo teste para nós."
Mais de 500 imagens do objeto foram obtidas, e a análise está em andamento.
"O perigo apresentado por um asteroide não pode ser resumido pelo
tamanho e se está ou não em rota de colisão", explica Lazzaro. "Sua
composição e o fato de ser poroso ou não podem influenciar no estrago
que ele pode causar."
FONTE: Folha.com/Ciência
Nenhum comentário:
Postar um comentário