À espera de juízo divino, fiéis se trancam em igreja de Cuba
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
DE CARACAS
"Recebemos um mandato de Deus, que disse que viéssemos para cá por causa
das coisas que estão acontecendo neste país. Muita idolatria,
homossexualidade. Virá um juízo para Cuba por parte de Deus", diz,
pausadamente, William Herrera.
Ele falava pelo celular à Folha, de uma das salas do templo da
Assembleia de Deus no centro de Havana, onde ele e mais 61 fiéis
resolveram se trancar há um mês.
O grupo, que tem 19 menores de idade e quatro grávidas, promete sair de
lá só quando receber uma ordem divina. Herrera, 27, é filho do pastor
que lidera o grupo.
A situação pouco comum na ilha comunista causou comoção no bairro onde
fica a igreja depois que, no último dia 9, o local amanheceu cercado por
forças de segurança.
O governo, num passo também raro, publicou notícias sobre o tema na
imprensa oficial, explicou que o isolamento era para evitar incidentes e
pediu "desculpas à população pelo incômodo". O comunicado qualificava o
"retiro", como chamam os religiosos, de "situação inusual".
Para observadores políticos e diplomatas na ilha, o regime tem lidado com mais cuidado do que de costume com o episódio.
TWITTER E IGREJA
As autoridades da Assembleia de Deus na ilha lançaram nota para se
desvincular do pastor Braulio Herrera, que lidera o grupo, dizendo que
ele apela ao "fanatismo".
"Em toda época há os que são chamados de loucos no momento, os que vão
contra a corrente. Não nos importamos com essas mentiras. Deus nos
mandou guardar comida para um tempo e aqui ficaremos", diz o filho do
pastor.
Ele criou uma conta no Twitter (@fuentevidacuba) para explicar o chamado
de Deus e as curas e milagres que, segundo ele, ocorrem durante as
jornadas de oração. "O governo está preocupado com a nossa saúde, mas
não incomoda. É Deus quem põe os governantes lá."
FONTE: Folha.com/Mundo
Desmond Boylan/Reuters | ||
Policiais cubanos cercam templo da Assembleia de Deus em bairro popular de Havana onde fiéis se trancaram |
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