03/06/2011
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09h56
Bactéria resistente a antibióticos é detectada em humano e vaca
DA EFE
Um grupo de cientistas detectou em humanos e vacas uma nova cepa de bactérias Staphylococcus aureus resistente aos antibióticos do grupo da penicilina, publicou a revista "Lancet Infectious Diseases".
A epidemiologista veterinária espanhola Laura García-Álvarez,
pesquisadora associada do Imperial College de Londres, identificou
várias mostras de bactérias que apresentavam resistência aos
antibióticos e que os testes habituais não detectavam. A pesquisadora
fez a descoberta enquanto preparava sua tese de doutorado na
Universidade de Cambridge.
A nova cepa de Staphylococcus aureus resistente à Meticilina
(MRSA, na sigla em inglês), contém um gene chamado mecA, responsável
pela resistência aos antibióticos, que só tem 60% de nível de semelhança
daqueles que compartilham 99% das MRSA conhecidas. Por isso que a nova
cepa passava despercebida nos exames clínicos, informou Laura à Agência
Efe.
Após identificar 13 amostras da bactéria, denominada LGA251, em leite de
vaca, os pesquisadores detectaram 50 casos em humanos no Reino Unido e
na Dinamarca em 2010, e atualmente estão desenvolvendo os primeiros
testes em outros países europeus como Portugal, Alemanha e Holanda.
"A primeira bactéria deste tipo procede de uma mostra de 1975, portanto,
leva pelo menos 36 anos circulando, mas não a detectamos até agora
porque não tínhamos as ferramentas necessárias", explicou.
INCIDÊNCIA BAIXA
O professor de medicina veterinária preventiva da Universidade de
Cambridge Mark Holmes, que dirigiu a pesquisa, afirmou que a bactéria
tem uma ampla distribuição geográfica, mas que sua incidência em números
absolutos é muito baixa, embora não tenha descartado um aumento dos
casos nos próximos anos quando se estenderem os novos testes clínicos
para detectá-la.
Os cientistas ainda não determinaram se foi a bactéria de origem bovina
que passou para os humanos, ou o contrário. Em todo caso, afirmaram que o
consumo de leite de vaca não representa nenhum risco de contágio, dado
que o processo de pasteurização elimina totalmente a Staphylococcus aureus.
Calcula-se que um terço das pessoas tem em seu organismo bactérias
resistentes aos antibióticos, principalmente na pele e nas fossas
nasais, embora as complicações médicas associadas às MRSA costumem
ocorrer em pacientes hospitaleiros submetidos a alguma intervenção
cirúrgica.
Em pacientes com um sistema imunológico debilitado, essas bactérias
podem causar desde problemas cutâneos até infecções sanguíneas.
As Staphylococcus aureus são as principais responsáveis pelas
infecções hospitalares, e causam problemas médicos a 2% dos pacientes
internados em uma clínica no Reino Unido, segundo os dados do Wellcome
Truste Sanger Institue, que participou da análise genética do
microorganismo.
Nos países industrializados, as bactérias estão aumentando sua
resistência aos antibióticos nos últimos anos, e calcula-se que entre
40% e 60% deles deixaram de responder as tratamentos com os antibióticos
mais comuns.
FONTE: Folha.com/Ciência
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