25/05/2011 - 13h13
Telescópio descobre super-estrela brilhante e solitária
Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo
Uma estrela extraordinariamente brilhante - três milhões de vezes mais
brilhante que o Sol - porém isolada, foi encontrada numa galáxia
próxima. Todas as “super-estrelas” anteriormente descobertas foram
encontradas em aglomerados estelares, mas este farol brilha com um
esplendor solitário. A origem desta estrela é misteriosa: será que se
formou isolada ou foi ejetada de um aglomerado? Qualquer destas
hipóteses põe à prova o conhecimento dos astrônomos sobre a formação
estelar.
Uma equipe internacional de astrônomos utilizou o Very Large Telescope
(VLT) do ESO (Observatório Europeu do Sul) para estudar detalhadamente a
estrela VFTS 682 situada na Grande Nuvem de Magalhães, uma pequena
galáxia vizinha da Via Láctea. Ao analisar a radiação da estrela, com o
instrumento FLAMES do VLT, descobriu-se que esta estrela possui 150
vezes mais massa do que o Sol. Até agora estrelas como esta só tinham
sido encontradas nos centros muito densos de aglomerados estelares, mas a
VFTS 682 encontra-se isolada.
“Ficamos muito surpreendidos por encontrar uma estrela de tão grande
massa isolada, em vez de se encontrar situada num aglomerado estelar
rico,” diz Joachim Bestenlehner, o autor principal deste novo estudo,
estudante do Observatório de Armagh, na Irlanda do Norte. “A sua origem é
misteriosa.”
Esta estrela foi inicialmente descoberta numa busca efetuada nas
estrelas mais brilhantes situadas no interior e em volta da Nebulosa da
Tarântula, na Grande Nuvem de Magalhães. A estrela situa-se numa
maternidade estelar: uma enorme região de gás, poeira e estrelas jovens,
que é, na realidade, a região de formação estelar mais ativa no Grupo
Local de galáxias. Inicialmente pensou-se que a VFTS 682 fosse quente,
jovem e brilhante, sem no entanto possuir características especiais.
Contudo, este novo estudo feito com o VLT revelou que muita da energia
da estrela está a ser absorvida e dispersada por nuvens de poeira antes
de chegar à Terra - ou seja, a estrela é na realidade mais brilhante do
que o que se pensava anteriormente, encontrando-se mesmo entre as
estrelas mais brilhantes conhecidas.
A radiação vermelha e infravermelha emitida pela estrela atravessa a
poeira, mas a radiação azul e verde, de menor comprimento de onda, é
dispersada e consequentemente perdida. O resultado disto é que a estrela
aparece-nos mais avermelhada do que é na realidade. Se a víssemos
completamente livre de obstruções ela brilharia num tom azul-branco
luminoso.
Além de ser extremamente brilhante, a VFTS 682 é também muito quente,
com uma temperatura em sua superfície de cerca de 50 000 graus Celsius.
Estrelas com tão estranhas propriedades podem acabar as suas curtas
vidas não apenas como supernovas, como é normal para estrelas de grande
massa, mas possivelmente como as mais dramáticas explosões de raios gama
de longa duração, as explosões mais brilhantes no Universo.
Embora a VFTS 682 pareça estar atualmente sozinha, não se encontra
muito afastada do aglomerado estelar muito rico RMC 136 (muitas vezes
chamado apenas R 136), que contém várias “super-estrelas” semelhantes
(eso1030) [6].
“Os novos resultados mostram que a VFTS 682 é praticamente idêntica a
uma das super-estrelas mais brilhantes situada no coração do aglomerado
estelar R 136,” acrescenta Paco Najarro, outro membro da equipa do CAB
(INTA-CSIC, Espanha).
Será possível que a VFTS 682 tenha sido formada neste aglomerado e
posteriormente ejetada? Tais “estrelas fugitivas” são conhecidas dos
astrônomos, mas todas as que se conhece são menores que a VFTS 682.
Seria por isso interessante descobrir como é que uma estrela de tão
grande massa poderia ser lançada para fora do aglomerdo por interações
gravitacionais.
“Parece mais fácil formar as estrelas maiores e mais brilhantes no
interior de aglomerados estelares ricos,” acrescenta Jorick Vink, outro
membro da equipe. “ E embora seja possível, é muito mais difícil
compreender como é que estes faróis brilhantes se formam sozinhos. O que
torna a VFTS 682 verdadeiramente fascinante.”
FONTE: UOL Notícias/Ciência
Nenhum comentário:
Postar um comentário