13/06/2011
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15h23
Cientistas descobrem genes relacionados a enxaquecas
DA FRANCE PRESSE
Cientistas descobriram um trio de genes vinculado a enxaquecas,
incluindo um relacionado exclusivamente a mulheres, segundo estudo
publicado na revista britânica "Nature Genetics".
As enxaquecas são dores de cabeça intensas --às vezes com uma "aura" na
qual os pacientes têm a impressão de olhar através de um vidro
embaçado-- e que afetam cerca de 20% da população.
Os cientistas descrevem a condição, que é três a quatro vezes mais comum
entre as mulheres, como uma desordem cerebral em que os neurônios ou
células cerebrais respondem de forma anormal a estímulos.
A causa exata é desconhecida, mas se acredita que fatores hereditários tenham um papel significativo.
Para ter acesso ao componente genético, Markus Schuerks, do Hospital
Brigham para Mulheres, em Boston (EAU), coordenou uma varredura
internacional de genomas com 23.230 mulheres, das quais 5.122 sofriam de
enxaqueca.
Os chamados estudos de associação genômica comparam diferenças entre
indivíduos nos cerca de 3 bilhões de pares dos blocos de construção
molecular encontrados no código genético humano.
O estudo é o maior do tipo feito até agora. Ele descobriu variações em
três genes que apareceram mais frequentemente em pacientes com
enxaqueca.
Dois deles, conhecidos como PRDM16 e TRPM8, eram específicos de enxaquecas, e contrários a outros tipos de dores de cabeça.
Além disso, o TRPM8 se vinculava a enxaquecas unicamente em mulheres.
Estudos anteriores demonstraram que o mesmo tipo de gene contém o
"marcador" genético de um sensor de dor, tanto em homens quanto em
mulheres.
O terceiro gene suspeito, o LRP1, está vinculado com a percepção do mundo exterior e em trajetos químicos dentro do cérebro.
"O cérebro de uma pessoa com enxaqueca responde de forma diferente a
alguns estímulos, suas células nervosas 'conversam' de forma diferente
do que os demais", explicou Shuerks por e-mail.
"Muitos neurotransmissores participam desta conversa cruzada e alguns
parecem ter um papel especial nas enxaquecas. O LRP1 interage com alguns
destes caminhos de neurotransmissores e, portanto, podem modular as
respostas nervosas que promovem ou suprimem as crises de enxaqueca",
acrescentou.
Nenhuma das variedades genéticas apareceu vinculada especificamente a enxaquecas com ou sem auras.
As descobertas, publicadas na revista "Nature Genetics", foram
replicadas em dois estudos com populações menores --um na Holanda e
outro na Alemanha-- e em um grupo clínico acompanhado pelo International
Headache Genetics Consortium.
"A herança de qualquer uma das variedades genéticas altera os riscos de enxaqueca em 10% a 15%", disse Schuerks.
A influência destes genes provavelmente não é grande o suficiente para
ser imediatamente usado como uma ferramenta de diagnóstico. Mas o
resultado "é um avanço na compreensão da biologia da enxaqueca",
afirmou.
FONTE: Folha.com/Ciência
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