"Cristo Redentor peruano" é criticado por prefeita e jornais
DA EFE, EM LIMA
Atualizado às 20h05.
O litoral de Lima amanheceu nesta quinta-feira (16) com uma novidade em
sua paisagem: a branca estátua do Cristo do Pacífico, iniciativa do
presidente Alan García que provocou críticas e chacotas na imprensa,
entre arquitetos e na própria Prefeitura de Lima.
Embora a inauguração da estátua de 37 metros de altura, inspirada no
Cristo do Redentor, esteja prevista somente para o dia 29 de junho, os
trabalhos de instalação avançaram rapidamente desde as primeiras
notícias de sua existência na semana passada.
Paolo Aguilar/Efe | ||
O Cristo do Pacífico, no litoral de Lima, Peru; iniciativa do presidente Alan Garcia |
No dia 10 de junho, García, a pouco mais de um mês do fim de seu
mandato, surpreendeu a todos ao apresentar os trabalhos já avançados da
construção do monumento.
A estátua, que segundo o líder será "uma figura que abençoará o Peru e
protegerá Lima", foi prontamente rejeitada, começando pela prefeita da
capital peruana, Susana Villarán, que soube da existência da obra no
mesmo momento que o resto dos peruanos.
"UNILATERAL"
"Com tantos arquitetos e artistas, poderiam ter convocado um concurso e
não fazer as coisas desta forma. Devemos aprender a coordenar", afirmou
Susana explicitando um dos principais motivos da irritação de muitos
cidadãos: que a estátua tenha sido uma decisão unilateral de García.
O arquiteto Augusto Ortiz de Zevallos, responsável pelo projeto de
melhoramento do litoral de Lima, mostrou seu desacordo ao dizer que a
estátua "é um despropósito, sem sentido nem validade estética, histórica
ou simbólica. É um gesto desmesurado e autoritário", disparou.
Presidência do Peru - 10.jun.2011/Efe |
O presidente do Peru, Alan Garcia (esq.), enquanto supervisiona obras de instalação do Cristo do Pacífico |
A ausência de anúncio prévio à população é explicada, segundo o ministro
da Cultura, Juan Ossio, pela intenção de García em oferecer uma
surpresa aos cidadãos peruanos. No entanto, as críticas superaram os
elogios, e nesta quinta-feira vários jornais peruanos estamparam a
imagem da estátua em suas capas com manchetes como "Capricho colossal",
do "Peru 21".
"Não se importou com nada nem ninguém, além de sua obsessão em construir
uma estátua que simbolize sua gestão", segue a matéria do jornal.
A Escola de Arquitetos de Lima também criticou a obra e anunciou o
afastamento da instituição de dois arquitetos que aprovaram sua
construção, uma vez que em sua opinião não foram cumpridos todos os
trâmites necessários.
Embora muitas das críticas estejam ligadas ao suposto "mau gosto" da
estátua, as críticas mais sérias estão relacionadas com o financiamento
do projeto.
Se por um lado, o próprio García doou US$ 32 mil para o projeto (o que
representa a décima parte de todo seu salário durante cinco anos de
Presidência), o orçamento para a construção do monumento foi completado
por uma doação de US$ 833,4 mil da empresa brasileira Odebrecht.
Alguns meios de comunicação afirmaram que esta doação permitirá à
empresa deduzir do pagamento 30% do total doado, o que significaria que o
fisco peruano deixará de receber da Odebrecht US$ 665,1 mil.
As maiores chacotas ao projeto foram registradas na internet, onde
imagens com a cara e as formas físicas de García inseridas estátua
invadiram a rede, e até mesmo já foi realizado um concurso com ideias
alternativas para construir estátuas de personagens de desenhos animados
no litoral de Lima.
FONTE: Folha.com/Turismo
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