segunda-feira, 13 de junho de 2011

COMPLEXO TURÍSTICO AMEAÇA MAIOR JAZIDA DE FÓSSEIS DO EGITO ( Paleontologia )

12/06/2011 - 17:41

Paleontologia

Complexo turístico ameaça maior jazida de fósseis do Egito

Ambientalistas lamentam construção de hotéis com 12.000 quartos e estrada na região da reserva natural do Lago Qarun

Oásis de Fayoum: sarcófago datado de 931 a.C. - 725 a.C., encontrado durante escavações de 2009 Oásis de Fayoum: sarcófago datado de 931 a.C. - 725 a.C., encontrado durante escavações de 2009 (Amr Nabil/AP)
Um complexo turístico de proporções gigantescas ameaça a reserva natural do Lago Qarun, no oásis de Al Fayoum, localizado ao sul do Cairo, onde vivem milhares de aves e se encontram fósseis e jazidas arqueológicas ainda não estudados.
Os ambientalistas, que defendem o turismo sustentável na região, veem com suspeito o projeto depois que o governo do ex-presidente Hosni Mubarak cedeu, em dezembro do ano passado, 2,8 quilômetros quadrados de terreno junto ao lago à construtora Amre Group, ao custo de um centavo de dólar por metro quadrado.
A chegada da revolução, a renúncia de Mubarak ao poder no último dia 11 de fevereiro e o encarceramento por enriquecimento ilícito e desvio de fundos de dois dos ministros que assinaram o acordo - o de Turismo, Zoheir Grana, e o da Habitação, Ahmed el Magrebi - lançaram uma nova sombra de dúvida sobre o futuro do Lago Qarun. "Pode acontecer qualquer coisa, há muita incerteza agora no Egito", afirmou a ativista da organização Conservação da Natureza do Egito (CNE) Rebecca Porteous, reconhecendo que a revolução "é uma janela aberta de possibilidades".
Rebecca lamentou ainda a construção de uma estrada que ligará o Cairo ao lago Qarun e que, no futuro, permitirá o acesso ao gigantesco complexo turístico no qual está prevista a construção de hotéis com um total de 12.000 quartos e outros tantos chalés.
Antiguidades inexploradas — Os arredores do Lago Qarun foram pouco explorados e escondem uma jazida com fósseis de até 40 milhões de anos de antiguidade, onde foram descobertos os restos do macaco mais antigo do mundo, assim como o de elefantes, pássaros e inclusive tubarões, golfinhos e cavalos-marinhos. Além disso, várias espécies de pássaros vivem nos pantanais do lago, onde não é raro ver flamingos, águias, falcões, cisnes e patos, além de aves migratórias. Rebecca se mostrou preocupada com a fragilidade do equilíbrio ambiental da região. "A área da qual estamos falando é tão delicada que se um carro passar pelos pantanais, os destroçará", garantiu.
Os ecologistas alertam para o estado de deterioração do lago, onde desembocam águas e esgoto das cidades vizinhas, e denunciam a falta de fundos do Ministério do Meio Ambiente para a proteção de áreas como a floresta petrificada. "O Meio Ambiente destinou apenas 600 euros durante três anos para uma área de 100 quilômetros quadrados", denunciou Rebecca.
A ativista explicou que os guardas florestais da região tiveram que arrecadar fundos para comprar estacas de madeira e cordas que permitiram isolar a floresta petrificada. Para evitar a destruição do espaço, os ativistas da CNE e guardas florestais propõem destinar a zona ao turismo ecológico. O arquiteto Mohammed Abdel Khatib lamentou: "Al Fayoum não é um lugar para o turismo de massas".
Ele trabalhou durante duas décadas com a administração egípcia para elaborar um projeto de turismo sustentável na área. Para Rebecca,  a força de Al Fayoum reside em um tipo de turismo para visitantes que apreciem a natureza e as antiguidades, não apenas as pirâmides e os cruzeiros.
(Com agência Efe)

FONTE: Veja on line

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