26/06/2011
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04h59
Redução do gelo no Ártico causa migração de espécies do Pacífico ao Atlântico
DA EFE
Algumas espécies procedentes do Oceano Pacífico, entre elas uma alga
microscópica e a baleia-cinzenta, migraram ao Atlântico através do
Ártico devido à redução da camada de gelo que formou um corredor marinho
pelas águas do norte, revela um estudo europeu publicado na revista
científica "Nature".
Os autores do texto constatam a migração da espécie de plâncton
"Neodenticula seminae", considerada extinta no Atlântico Norte há 800
mil anos, o que representa uma alteração da cadeia alimentar marinha.
Embora esta alga microscópica seja fonte de alimento, sua detecção no
Atlântico não foi bem recebida pelos cientistas a cargo do projeto
Clamer, uma parceria de 17 instituições marinhas de dez países europeus.
Eles alertam que qualquer impacto na base da cadeia alimentar poderia,
da mesma forma que um terremoto, modificar a atual vida marinha.
Essa descoberta representa "a primeira prova de uma migração através do
Ártico em tempos modernos" relacionada ao plâncton, segundo os
cientistas da Fundação para a Ciência Oceânica Alister Hardy, do Reino
Unido.
Os especialistas advertem que uma mudança deste tipo pode transformar a
biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas aquáticos do Ártico e
do Atlântico Norte.
Além da "Neodenticula seminae", o texto indica a presença da
baleia-cinzenta no litoral da Espanha e de Israel, uma espécie extinta
do Atlântico há três séculos, possivelmente devido ao excesso de caça.
Segundo a pesquisa, os cientistas acreditam que a redução da camada de
gelo no Ártico permitiu que a baleia passasse do Pacífico ao Atlântico
Norte e chegasse, em seguida, ao Mar Mediterrâneo.
"As migrações são um exemplo de como as condições produzidas pela
mudança climática fazem com que as espécies se movimentem ou mudem de
comportamento, levando a modificações em ecossistemas que hoje são
claramente visíveis", afirmou o coordenador do projeto Clamer, Carlo
Heip, diretor-geral do Real Instituto de Pesquisa Marinha da Holanda.
O estudo destaca que alguns crustáceos microscópicos denominados
copépodes também estão usando o "corredor" migratório e ameaçam a
provisão de peixes difundidos na culinária internacional, como o
bacalhau, o arenque e o carapau.
Segundo a pesquisa, os impactos da migração de copépodes são evidentes,
já que a modificação na vida do plâncton está relacionada à queda das
reservas de peixes e, consequentemente, de pássaros do Mar do Norte, que
se alimentam deles.
A movimentação dos novos crustáceos faz com que as águas do Atlântico e
do Mar do Norte se tornem mais temperadas. Em decorrência, uma variedade
de copépode denominada "Calanus finmarchicus", rica e crucial fonte de
óleo na região, acaba substituída pela chegada de outras espécies
menores e menos nutritivas.
"Mas o maior impacto é claramente negativo, e o alcance da mudança é
potencialmente tão grande que, em seu conjunto, constitui um forte sinal
de advertência", adverte Carlo Heip.
FONTE: Folha.com/Ciência
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