28/06/2011
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09h49
Ibama flagra desmatamento com agrotóxico no Amazonas
KÁTIA BRASIL
DE MANAUS
DE MANAUS
O Ibama apreendeu na sexta-feira (17) quatro toneladas de agrotóxicos
que seriam utilizados para desmatar 3.000 hectares de floresta nativa da
União em Novo Aripuanã, sul do Amazonas.
O único registro de uso de agrotóxico em desmatamentos no Estado ocorreu
em 1999. Durante um sobrevoo, fiscais do Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) encontraram uma área
de 250 hectares, no município de Boca do Acre, já destruída por ação do
veneno Tordon 2,4 D.
Ibama/Divulgação | ||
Agrotóxicos apreendidos na Amazônia seriam usados para devastar floresta, desfolhando as árvores |
Pulverizados sobre a floresta, os agrotóxicos têm o poder de desfolhar as árvores.
"A floresta vira um grande paliteiro, facilitando o desmatamento. É o
mesmo processo usado pelo exército norte-americano para encontrar os
vietnamitas na guerra do Vietnã", disse o superintendente do Ibama no
Amazonas, Mário Lúcio Reis.
OPERAÇÃO
Os fiscais do Ibama monitoravam o envio da carga de Rondônia para Novo Aripuanã (227 km de Manaus) havia uma semana.
Na sexta-feira, os produtos foram apreendidos em uma região de floresta
desabitada às margens do rio Acari (afluente do Madeira), que fica nos
limites entre a RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) do Juma e
uma propriedade de um fazendeiro de Rondônia.
Os produtos químicos estavam escondidos debaixo de uma lona. Na carga,
foram identificados os agrotóxicos 2,4 D Amina 72, U46BR, Garlon 480 e
óleo mineral. Eles são comercializados legalmente como herbicidas para
matar ervas daninhas em plantações de arroz e milho.
O nome do fazendeiro, que já foi multado por desmatar floresta nativa em
outra ocasião, está sob sigilo devido às investigações do novo crime
ambiental. A multa pode chegar a R$ 2 milhões.
Reis afirma que os fiscais encontraram uma pista de pouso na fazenda, de onde partiria um avião pulverizador para jogar os agrotóxicos sobre a floresta.
Reis afirma que os fiscais encontraram uma pista de pouso na fazenda, de onde partiria um avião pulverizador para jogar os agrotóxicos sobre a floresta.
QUEIMADAS
Ainda de acordo com o superintendente, após a pulverização as árvores
que têm valor comercial são derrubadas com motosserras. "Depois, eles
fazem queimadas para limpar o terreno. No lugar da floresta, o
fazendeiro iria criar um grande pasto."
Segundo o agrônomo e pesquisador do Inpa (Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia) Hiroshi Noda, ao serem lançados sobre a floresta,
os agrotóxicos contaminam solo, lençóis freáticos, animais e seres
humanos.
"Eles causam uma reação química no metabolismo das árvores, provocando seu colapso imediato", disse.
Noda afirmou que, meses após a pulverização dos agrotóxicos, a terra pode ser utilizada para pastagens.
FONTE: Folha.com/Ambiente
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