13/06/2011
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18h17
Complexo turístico gigante no Egito ameaça aves e fósseis
LAURA MILLAN LOMBRAÑA
DA EFE, NO CAIRO
DA EFE, NO CAIRO
Atualizado às 20h37.
Um projeto de complexo turístico de proporções gigantescas ameaça a
reserva natural do lago Qarun, no oásis de Al Fayoum, ao sul do Cairo,
onde vivem milhares de aves e se encontram fósseis e jazidas
arqueológicas ainda não estudados.
Os ambientalistas, que defendem o turismo sustentável na região, veem
com suspeita este projeto depois que o governo do ex-presidente Hosni
Mubarak cedeu, em dezembro do ano passado, 2,8 quilômetros quadrados de
terreno junto ao lago à construtora Amre Group por US$ 0,01 por metro
quadrado.
Zorbey Tunçer - 1º.ago.2008/Creative Commons |
Oásis Faiyum, região onde fica o lago Qarum, ameaçado por projeto turístico, a cerca de 130 km a sul do Cairo, no Egito |
A chegada da revolução, a renúncia de Mubarak ao poder no último dia 11
de fevereiro e o encarceramento por enriquecimento ilícito e desvio de
fundos de dois dos ministros que assinaram o acordo --o de Turismo,
Zoheir Grana, e o da Habitação, Ahmed el Magrebi-- lançaram uma nova
sombra de dúvida sobre o futuro do lago Qarun.
"Pode acontecer qualquer coisa, há muita incerteza agora no Egito",
afirmou à Agência Efe a ativista da organização Conservação da Natureza
do Egito (CNE) Rebecca Porteous, reconhecendo que a revolução "é uma
janela aberta de possibilidades".
Ainda assim, Porteous lamentou a construção de uma estrada que ligará o
Cairo ao lago Qarun e que, no futuro, permitirá o acesso ao gigantesco
complexo turístico no qual está prevista a construção de hotéis com um
total de 12 mil quartos e outros tantos chalés.
Os arredores do lago Qarun foram pouco explorados e escondem uma jazida
com fósseis de até 40 milhões de anos de antiguidade, onde foram
descobertos os restos do macaco registrado como o mais antigo do mundo,
assim como o de elefantes, pássaros e inclusive tubarões, golfinhos e
cavalos-marinhos.
Além disso, várias espécies de pássaros vivem nos pantanais do lago,
onde não é raro ver flamingos, águias, falcões, cisnes e patos, além de
aves migratórias.
FRAGILIDADE
Porteous se mostrou preocupada com a fragilidade do equilíbrio ambiental
da região. "A área da qual estamos falando é tão delicada que se um
carro passar pelos pantanais, os destroçará", garantiu.
Os ecologistas alertam para o estado de deterioração do lago, onde
desembocam águas e esgoto das cidades vizinhas, e denunciam a falta de
fundos do Ministério do Meio Ambiente para a proteção de áreas como a
floresta petrificada.
"O ministério destinou apenas 600 euros durante três anos para uma área de 100 quilômetros quadrados", denunciou Porteous.
A ativista explicou que os guardas-florestais da região tiveram que
arrecadar fundos para comprar estacas de madeira e cordas que permitiram
isolar a floresta petrificada. Para evitar a destruição do espaço, os
ativistas da CNE e guardas florestais propõem destinar a zona ao turismo
ecológico.
No entanto, o arquiteto Mohammed Abdel Khatib lamentou que "as
autoridades tenham na cabeça [a cidade turística de] Sharm el- Sheikh ou
a costa mediterrânea, e tentem copiar o mesmo estilo" mesmo que ele não
se ajuste a este caso.
"Al Fayoum não é um lugar para o turismo de massas", disse à Efe Abdel
Khatib, que trabalhou durante duas décadas com a administração egípcia
para elaborar um projeto de turismo sustentável na área.
Neste sentido, Porteous destacou que "a força de Al Fayoum reside em um
tipo de turismo para visitantes que apreciem a natureza e as
antiguidades, não apenas as pirâmides e os cruzeiros".
FONTE: Folha.com/Turismo
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