30/05/2011
-
16h25
Pai de vacina sintética contra malária lamenta falta de apoio à ciência
DA EFE
O colombiano Manuel Elkin Patarroyo, que criou a primeira vacina
sintética contra a malária, lamentou nesta segunda-feira "a ausência" de
políticas de Estado para impulsionar a ciência na América Latina.
"Ficamos 40 anos movimentando a ciência na Colômbia. Quarenta anos!
Comecei muito cedo, mobilizando o país inteiro: 'Olhe, a ciência é útil,
é produtiva, não é uma questão de loucos. Isto é algo que realmente
conta para a humanidade, para o país, para as pessoas'", relatou.
"Eu não digo que seja indiferença, eu diria que é ausência de políticas
de Estado para impulsionar a ciência", avaliou o pesquisador em
entrevista à Agência Efe em Madri.
Nesta terça-feira, ele receberá o prêmio Príncipe de Viana da Solidariedade em Navarra, no norte da Espanha.
"Na América Latina, há dois países que se sobressaem, que são México e
Brasil, e só", lamentou Patarroyo, que acaba de apresentar a descoberta
de princípios químicos a partir dos quais é possível criar vacinas
sintéticas contra praticamente todas as 517 doenças infecciosas
conhecidas.
A descoberta, "resultado de 33 anos de trabalho", são "regras de jogo
definidas" que servirão para prevenir doenças, entre elas a malária, a
tuberculose, a hepatite e a dengue, que causam milhões de mortes no
mundo.
VACINAS EM DESENVOLVIMENTO
O cientista trabalha agora na segunda geração desta vacina, denominada
Colfavac, que deve começar a ser testada em junho de 2012 em humanos,
após obter "pouco mais de 90%" de proteção em macacos, o "mesmo
resultado" que Patarroyo acredita que obterão em homens e mulheres.
"Nós não estamos pulando do rato ou do coelho aos humanos. Estamos
pulando de um único animal, que tem um sistema de defesa praticamente
idêntico ao humano, ao humano", explicou.
O cientista revelou que não vai ceder sua nova vacina contra malária à
OMS (Organização Mundial da Saúde), como fez com a primeira, "porque a
OMS a arquivou, simples e ingenuamente".
Ele afirmou que conta com o apoio de um grupo de pessoas que "está
querendo criar um consórcio para produzir a vacina e entregá-la de graça
ou a baixo custo à humanidade".
Os testes da nova vacina demandarão "de dois a três anos", o que proporcionará tempo para que trabalhe em outras vacinas.
"Já estamos trabalhando fortemente em tuberculose. É a próxima", relatou
Patarroyo, que, apesar das conquistas alcançadas, destacou que "há
muito" por fazer até que "se consiga vacinar todas as pessoas".
FONTE: Folha.com/Ciência
Nenhum comentário:
Postar um comentário