Rio - Desde o início do processo de ocupação da Amazônia por povos não
indígenas, pelo menos 2,6 bilhões de árvores foram eliminadas, estima o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no estudo
"Geoestatísticas de Recursos Naturais da Amazônia Legal", divulgado
hoje. Quase metade dessa perda (1,2 bilhão de árvores) ocorreu no Estado
do Pará. A área desmatada representa 15,3% da vegetação original do
bioma.
Estima-se que em 2002, ano de referência do estudo, havia
aproximadamente 45 bilhões de toneladas de carbono na vegetação
remanescente da região (87,3% do estoque original). A pesquisadora
Rosângela Garrido destaca que os maiores estoques de carbono no solo
estão em áreas de manguezal e campinarana, ameaçadas por mudanças de
regras de preservação previstas no Código Florestal aprovado na Câmara
dos Deputados.
As perdas de árvores estão concentradas no Leste (Pará, Maranhão e
Tocantins) e no sul (Mato Grosso e Rondônia) da chamada Amazônia Legal. A
pecuária aparece na publicação do IBGE como principal responsável pela
alteração da cobertura original da terra, representando 51,7% da área
desmatada. A vegetação secundária (que surge naturalmente, após o
abandono de áreas usadas pelo homem) correspondia a 32,1%, e a
agricultura, a 15,2%.
A floresta amazônica é dividida em quatro tipos de formação: florestas
ombrófilas densa e aberta e florestas estacionais semidecidual e
decidual. A semidecidual, concentrada nos Estados do Maranhão e de Mato
Grosso, no chamado Arco do Desmatamento, foi a mais afetada
proporcionalmente entre os quatro tipos de vegetação primária: teve
27,2% da área original modificada pelo homem, o que a coloca na situação
de mais ameaçada.
As florestas estacionais, que fazem a transição entre as ombrófilas e o
cerrado, são as formações com menor superfície: ocorrem em 5,4% da
região. O IBGE destaca que "qualquer programa de proteção da diversidade
de florestas da Amazônia deve dedicar especial atenção às florestas
estacionais, especialmente quando estão em áreas de expansão da
atividade agrossilvipastoril".
Em termos absolutos, a devastação está concentrada na ombrófila densa:
60% das árvores eliminadas existiam lá. A maior perda foi registrada no
Pará (1,2 bilhão de árvores), seguido por Maranhão (584 milhões), Mato
Grosso (281 milhões) e Rondônia (214 milhões). Dos 17,6 bilhões de
árvores remanescentes em 2002, a maior concentração estava no Amazonas
(7,4 bilhões), seguido por Pará (5,2 bilhões) e Mato Grosso (1,7
bilhão).
Água
Cerca de 45% de toda a água subterrânea potável do País está
concentrada na Amazônia Legal, indica o IBGE. As maiores áreas de
aquíferos porosos estão no Amazonas, Mato Grosso e Pará. De todo o
território da Amazônia Legal, 12% está sujeito a inundações, inclusive
áreas urbanas como Parintins, aponta o capítulo sobre relevo.
O IBGE cita os campos de petróleo e gás de Urucu, no Amazonas, ao
destacar o potencial para exploração de combustíveis fósseis do subsolo
da região, formado predominantemente por rochas sedimentares.
A Amazônia Legal ocupa 5.016.136,3 quilômetros quadrados, que
correspondem a 59% do território nacional. Nela vivem em torno de 24
milhões de pessoas, segundo o Censo 2010, distribuídas em 775 municípios
nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia,
Roraima, Tocantins (98% da área estadual), Maranhão (79%) e Goiás
(0,8%).
Além de conter 20% do bioma Cerrado, a região abriga todo o bioma
Amazônia, o mais extenso dos biomas brasileiros. Ele corresponde Aum
terço das florestas tropicais úmidas do planeta e detém a mais elevada
biodiversidade, o maior banco genético e um quinto da disponibilidade
mundial de água potável, informa o IBGE.
FONTE: UOL Notícias/Ambiente
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