19/11/2011
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08h42
Cientistas explicam formação de 'cordilheira fantasma' na Antártida
DA BBC BRASIL
Cientistas dizem que agora podem explicar a origem do que talvez sejam as mais extraordinárias montanhas da Terra.
As Gamburstsevs são do tamanho dos Alpes europeus e totalmente cobertas pelo gelo antártico.
BBC | ||
Cientistas explicam formação de 'cordilheira fantasma' na Antártida |
Sua descoberta na década de 1950 foi uma grande surpresa. A maioria
supunha que o continente fosse plano e sem grandes variações.
Mas dados de estudos recentes sugerem que a cadeia de montanhas
formou-se há mais de um bilhão de anos, segundo o trabalho divulgado na
publicação científica Nature.
As Gamburtsevs são importantes por serem o local onde sabemos hoje que o gelo iniciou sua expansão pela Antártida.
ESTUDOS CLIMÁTICOS
A descoberta da história das montanhas ajudará portanto em estudos
climáticos, auxiliando cientistas a descobrir não apenas mudanças
passadas da Terra, mas também possíveis cenários futuros.
"Pesquisar estas montanhas foi um enorme desafio, mas fomos
bem-sucedidos e produzimos um trabalho fascinante", disse Fausto
Farraccioli, da British Antartic Survey (BAS), à BBC.
Ele foi o pesquisador principal do projeto AGAP (sigla em inglês para Província Antártica de Gamburtsev).
A equipe de cientistas de várias nacionalidades viajou algumas vezes
durante os anos de 2008 e 2009 ao leste do continente gelado, mapeando o
formato da montanha escondida usando um radar capaz de penetrar o gelo.
Outros instrumentos registraram os campos gravitacionais e magnéticos, enquanto sismômetros estudavam as profundezas da Terra.
A equipe AGAP acredita que estes dados podem agora construir uma
narrativa consistente para explicar a criação das Gamburtsevs e sua
existência através do tempo geológico.
SUPERCONTINENTE
É uma história que começou pouco antes de um bilhão de anos atrás, muito
antes de formas de vida complexas se formarem no planeta, quando os
continentes estavam se atraindo para formar um supercontinente conhecido
como Rodínia.
A colisão que aconteceu gerou as enormes montanhas.
No decorrer de centenas de milhões de anos, os picos sofreram
gradualmente um processo de erosão. Apenas as "raízes", ou bases, das
montanhas teriam sido preservadas.
Mas entre 250 e 100 milhões de anos atrás, quando os dinossauros
habitavam o planeta, os continentes começaram a se separar em uma série
de fissuras próximas à base gelada das montanhas.
Este movimento aqueceu e rejuvenesceu as "raízes", criando as condições
necessárias para que a terra se elevasse mais uma vez, fazendo com que
as montanhas fossem restabelecidas.
Seus picos cresceram ainda mais na medida em que vales profundos foram sendo cortados por rios e geleiras a seu redor.
E teriam sido as geleiras que escreveram os capítulos finais, há cerca
de 35 milhões de anos, quando elas se expandiram e se fundiram para
formarem o Manto Antártico Oriental, encobrindo a cadeia de montanhas
neste processo.
MISTÉRIO SOLUCIONADO
"Esta pesquisa realmente soluciona o mistério de por que você pode ter
montanhas aparentemente jovens em meio a um velho continente", diz a
pesquisadora principal do estudo, Robin Bell, da universidade de
Columbia.
"As montanhas originais provavelmente foram erodidas, para retornar como uma fênix. Elas tiveram duas vidas", disse ela.
A ideia é agora conseguir financiamento para escavar as montanhas em
busca de amostras de solo, que poderiam confirmar o modelo divulgado na
Nature.
Os pesquisadores também buscam determinar o local mais adequado para fazer a escavação no gelo.
Ao examinar bolhas de ar presas na neve compactada, os pesquisadores
podem determinar detalhes do passado, como condições ambientais,
incluindo a temperatura e a concentração de gases na atmosfera, como
dióxido de carbono.
Acredita-se que em algum local da região de Gamburtsev seja possível a
coleta de amostras de gelo com mais de um milhão de anos. A amostra
seria ao menos 200 mil anos mais antiga do que o gelo antártico já
analisado por cientistas.
FONTE: Folha.com/BBC Brasil
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