01/11/2011
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15h22
Estudo indica que processo de envelhecimento pode ser reversível
DE SÃO PAULO
Cientistas franceses conseguiram recuperar a juventude de células doadas
por centenários, ao reprogramá-las para o estágio de células-tronco,
demonstrando que o processo de envelhecimento é reversível.
Trabalhos sobre a possibilidade de apagar as marcas do envelhecimento
celular, publicados na edição desta terça-feira da revista especializada
"Genes & Development", marcam uma nova etapa da medicina
regenerativa com vistas a corrigir uma patologia, ressaltou Jean-Marc
Lemaitre, do Inserm (Instituto de Genômica Funcional), encarregado das
pesquisas.
Segundo um cientista do Inserm, outro resultado importante dos trabalhos
é compreender melhor o envelhecimento e corrigir seus aspectos
patológicos.
As células idosas foram reprogramadas 'in vitro' em células-tronco
pluripotentes iPSC (sigla em inglês para células-tronco pluripotentes
induzidas) e, com isso, recuperaram a juventude e as características das
células-tronco embrionárias (hESC).
Estas células podem se diferenciar dando origem a células de todos os
tipos (neurônios, células cardíacas, da pele, do fígado...) após a
terapia da "juventude" aplicada pelos cientistas.
Desde 2007 os cientistas demonstraram ser capazes de reprogramar as
células adultas humanas em células-tronco pluripotentes, cujas
propriedades são semelhantes às das células-tronco embrionárias. Esta
reprogramação a partir de células adultas evita as críticas ao uso de
células-tronco extraídas de embriões.
NOVA ETAPA
Até agora, a reprogramação de células adultas tinha um limite, a
senescência, última etapa do envelhecimento celular. A equipe de
Jean-Marc Lemaitre acaba de superar este limite.
Os cientistas primeiro multiplicaram células da pele (fibroblastos) de
um doador de 74 anos para alcançar a senescência, caracterizada pela
suspensão da proliferação celular.
Em seguida, eles fizeram a reprogramação 'in vitro' destas células. Como
isto não foi possível com base em quatro fatores genéticos clássicos de
transcrição (OCT4, SOX2, C MYC e KLF4), eles adicionaram outros dois
(NANOG e LIN28).
Graças a este novo 'coquetel' de seis ingredientes genéticos, as células
senescentes reprogramadas recuperaram as características das
células-tronco pluripotentes de tipo embrionário, sem conservar
vestígios de seu envelhecimento anterior.
"Os marcadores de idade das células foram apagados e as células-tronco
iPSC que nós obtivemos podem produzir células funcionais, de todos os
tipos, com capacidade de proliferação e longevidade aumentadas",
explicou Jean-Marc Lemaitre.
Os cientistas em seguida testaram com sucesso seu coquetel em células mais envelhecidas, de 92, 94, 96 até 101 anos.
"A idade das células não é definitivamente uma barreira para a reprogramação", concluíram.
Estes trabalhos abrem o caminho para o uso de células reprogramadas iPS
como fonte ideal de células adultas toleradas pelo sistema imunológico
para reparar órgãos ou tecidos em pacientes idosos, acrescentou o
cientista.
FONTE: Folha.com/Ciência
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