21/11/2011
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10h00
Nasa lança neste sábado jipe para procurar vida em Marte
SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Atualizado às 13h06.
Neste sábado (26), a Nasa tenta iniciar uma nova investida até o planeta
vermelho. O objetivo: achar os ingredientes da vida em Marte.
O encarregado de realizar a tarefa é o jipe Curiosity, um grandalhão que
tem quase o tamanho de um automóvel (três metros de comprimento e
quatro toneladas).
O projeto custou US$ 2,5 bilhões, e a missão deve durar pelo menos um ano marciano (687 dias).
Movido a energia nuclear, o jipe terá mais eletricidade que qualquer
outro dispositivo em Marte, sem depender de painéis solares. Poderá
trabalhar dia e noite.
Divulgação/Nasa | ||
Ilustração do jipe Curiosity em solo marciano; missão no planeta vermelho começa com lançamento nesta semana |
VIVENDO E APRENDENDO
Em 1976, duas espaçonaves, Viking-1 e 2, levaram ao solo marciano
experimentos dedicados à detecção de vida. A ideia era misturar
nutrientes ao solo. Se desse reação positiva, pronto: bactérias
extraterrestres.
Quando o experimento foi conduzido na prática, ocorreu o inesperado.
A superfície marciana parecia estar cheia de uma substância capaz de
degradar a solução nutritiva enviada nas naves. Resultado: muitos
bilhões de dólares para um teste inconclusivo.
Desde então, a Nasa tem sido cautelosa. A estratégia foi quebrada em
três etapas, e o novo jipe que está prestes a decolar representa uma
transição para a segunda.
Primeiro, os cientistas decidiram se pautar pelo mote: "siga a água".
Foi com base nele que as sondas Mars Global Surveyor e Mars
Reconnaissance Orbiter buscaram sinais de fluxos de água (passados,
recentes e presentes).
A sonda Mars Odyssey mapeou a presença de gelo no subsolo, e a sonda Phoenix confirmou o achado.
Finalmente, os jipes Spirit e Opportunity buscaram sinais minerais de
interação da água com as rochas, indicando que no passado Marte já foi
mais quente e teve atmosfera mais densa.
Além da água, há outras duas coisas de que a vida precisa para
prosperar. Uma delas é energia, que o Sol pode fornecer em Marte, a
despeito da maior distância que o planeta guarda da estrela, em
comparação com a Terra.
A outra é a presença de compostos orgânicos, os tijolos da vida. Por
isso, o foco agora não é mais a água (que já existiu na cratera Gale,
onde o novo jipe deve pousar), e sim o carbono.
"Entre 2010 e 2020 mudamos o foco, queremos procurar os chamados ambientes habitáveis", disse à Folha o engenheiro brasileiro Ramon de Paula, executivo de programa no quartel-general da Nasa envolvido com missões marcianas.
"Entre 2020 e 2030, a última etapa: o retorno de amostras de Marte, em busca de sinais de vida", afirma.
O Curiosity está equipado com dez instrumentos científicos. Ele vai
perfurar o solo para análise, buscar compostos orgânicos e medir o nível
de radiação solar e cósmica.
Para descer o "jipão" até o solo, a Nasa usará uma técnica inédita: um
sistema de propulsores que executará a parte final do pouso e descerá o
jipe por um cabo, para depois soltá-lo e voltar a voar, caindo mais
adiante. Nada de airbags, como os jipes anteriores enviados a Marte.
"Isso foi testado na Terra, mas podemos ter imprevistos lá", diz Ramon de Paula.
O teste final será na madrugada do dia 6 de agosto de 2012, quando o Curiosity deve tocar o solo marciano.
FONTE: Folha.com/Ciência
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