03/11/2011
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09h51
Estudo faz o mais completo mapeamento da extinção na Era do Gelo
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE
A mensagem do estudo mais completo já feito sobre o sumiço da megafauna,
conjunto de grandes mamíferos da Era do Gelo, é que essa extinção em
massa não foi tão "em massa" quanto parece.
As causas do desaparecimento variam de espécie para espécie e envolvem
mudanças climáticas, o interesse de caçadores humanos na carne dos
bichos e, no caso mais famoso, o dos mamutes, fatores ainda incertos.
Editoria de arte/Folhapress | ||
É o que conclui a equipe liderada por Eske Willerslev, da Universidade
de Copenhague, em artigo na revista "Nature", após analisar dados de
seis espécies: rinocerontes-lanosos, mamutes-lanosos, cavalos-selvagens,
renas, bisões-das-estepes e bois-almiscarados.
Entre esses bichos, renas e bois-almiscarados ainda estão por aí, mas
com sua distribuição geográfica drasticamente reduzida --na Era do Gelo,
havia renas até na França. Europa e Ásia tinham bois-almiscarados, hoje
reduzidos ao Ártico americano.
Willerslev e companhia são especialistas em DNA antigo --dominam
técnicas de extração e análise de material genético a partir de ossos
com milhares de anos. A equipe analisou mais de 800 amostras de DNA dos
bichos e as datou com precisão.
Os cientistas montaram uma espécie de filme sobre como variou a genética
das populações da megafauna ao longo de milhares de anos --de 40 mil
anos até 10 mil anos antes do presente.
Os dados genéticos permitem acompanhar o comportamento da população de animais ao longo dos séculos.
O retrato traçado pela pesquisa envolve mais duas fontes. A primeira é o
mapa dos habitats de cada espécie ao longo dos milênios, levando em
conta variações do clima e da vegetação (as espécies eram herbívoras).
Com isso, dá para saber se o habitat de um animal encolheu tanto que poderia ter levado o coitado à extinção.
A segunda fonte é a presença de caçadores humanos, denotada por sítios arqueológicos que coexistiram com a megafauna.
Com isso em mãos, vieram algumas surpresas. Nos 10 mil anos após o
primeiro contato com humanos, as populações de rinocerontes e mamutes
cresceram, o que derruba a hipótese da caça intensa. Já os
bois-almiscarados quase não eram caçados.
Há indícios claros de contribuição humana para a extinção apenas de
renas, bisões e cavalos. Mesmo assim, a mudança climática também seria
importante.
O trabalho não aborda a extinção na América do Sul. O Brasil tinha cavalos selvagens, lhamas, mastodontes e preguiças-gigantes.
FONTE: Folha.com/Ciência
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