16/11/2011
-
10h42
Piauí pode ter cratera formada na época dos dinossauros
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Um grupo de pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)
achou evidências de que uma cratera circular no Piauí, formada pelo
impacto de um meteorito, pode ter sido gerada na mesma época em que
ocorreu a extinção dos dinossauros.
O impacto teria marcado o final do período Cretáceo, há 65 milhões de
anos. Se a hipótese se confirmar, a cratera piauiense teria surgido no
mesmo período que a de Chicxulub, no México --colisão que é a causa mais
aceita para o sumiço dos dinos e de mais de 70% da biodiversidade da
Terra naquela época.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A equipe da Unicamp analisou a estrutura circular de Santa Marta, em
Gilbués, no Piauí, para estudar sua origem e o processo de degradação de
terras da região.
O Brasil --assim como toda a América do Sul-- tem poucas estruturas de
impacto de aspecto circular comprovadas. "Mas há um conjunto
significativo de estruturas circulares conhecidas que carecem de
investigação", explica o engenheiro geólogo Carlos Roberto Souza Filho,
coordenador do trabalho.
CONJUNTO DE PISTAS
Para os pesquisadores da Unicamp, Santa Marta reúne muitos elementos que corroboram sua origem por impacto de meteorito.
"Encontramos praticamente todas as feições macroscópicas, como cones de
estilhaçamento, e microscópicas, como deformações em quartzo, que
sinalizam a passagem de ondas de choque e a deformação de materiais
relacionadas a um impacto."
Os pesquisadores notaram ainda que a desertificação da região pode ter sido causada pela colisão do bólido.
"As rochas estão fragilizadas em virtude de denso fraturamento [causado pelo impacto]. Essas fraturas parecem ter potencializado a erosão, o que pode ter contribuído fortemente para o amplo processo de degradação de terras", analisa o engenheiro geólogo Juliano Senna, que também é da equipe.
"As rochas estão fragilizadas em virtude de denso fraturamento [causado pelo impacto]. Essas fraturas parecem ter potencializado a erosão, o que pode ter contribuído fortemente para o amplo processo de degradação de terras", analisa o engenheiro geólogo Juliano Senna, que também é da equipe.
As rochas mais novas atingidas pelo meteorito correspondem a sedimentos depositados na região no final do período Cretáceo.
Isso significa que há uma possibilidade de que o meteorito que formou
Santa Marta esteja na mesma janela temporal do impacto que criou a
cratera de 180 km de diâmetro de Chicxulub.
Se a hipótese for comprovada, a cratera do Piauí será a única até hoje
identificada no hemisfério Sul formada no mesmo período da famosa
cratera mexicana.
PANCADARIA
Essa identificação temporal é importante porque uma das hipóteses em
debate hoje em dia considera que o impacto no México pode ter sido
acompanhado por outros simultâneos em várias regiões da Terra.
"Mas ainda estamos no campo da especulação. Muitas análises sofisticadas
sobre as amostras coletadas no campo serão necessárias para que
tenhamos alguma confirmação dessas hipóteses", enfatiza Souza Filho.
"Essa é uma investigação demorada, de geoquímica de precisão, que
depende de métodos específicos e bastante onerosos", complementa Senna.
O trabalho de Souza Filho com crateras formadas por impactos de meteoritos já tem uma década.
Em 2002, ele publicou um artigo na revista "Science" sobre os impactos
na Argentina, onde há o quinto maior campo de tectitos ("vidros" gerados
pela colisão de meteoritos) do mundo.
Agora, os cientistas submeteram o trabalho sobre a cratera Santa Marta
para revistas especializadas em geologia e ciências planetárias.
FONTE: Folha.com/Ciência
Nenhum comentário:
Postar um comentário