Por que os padres não podem se casar?
por Artur Louback Lopes
A princípio, padres não se casavam por opção,
para dedicar 100% do tempo e das energias à oração e à pregação - da
mesma forma que Jesus Cristo. Em 1139, ao final do Concílio de Latrão,
contudo, o matrimônio foi proibido oficialmente a membros da Igreja.
Embora a decisão tenha se apoiado em passagens bíblicas - como "É bom
para o homem abster-se da mulher" (presente na primeira carta aos
Coríntios) -, uma das razões mais fortes para a transformação do
celibato (como é conhecida a proibição do casamento)
em regra foi o que, já naquela época, ditava as regras da humanidade.
Fé? Nada disso. Grana! Na Idade Média (do século 5 ao 15), a Igreja Católica
alcançou o auge do seu poder, acumulando muitas riquezas,
principalmente em terras. Para não correr o risco de perder bens para os
herdeiros dos membros do clero, o melhor mesmo era impedir que esses
herdeiros existissem. Isso não fez muita diferença para os monges, que,
por opção, já viviam isolados em mosteiros, mas em algumas paróquias a
proibição gerou discórdia. A maior delas ocorreu no começo do século 16 e
foi uma das razões pelas quais o cristianismo passou pelo seu maior
racha: Martinho Lutero rompeu com o papa e criou a Igreja Luterana, que
permitia o casamento dos seus pastores - e permite até hoje (veja o quadro abaixo). Depois da Reforma Protestante, a Igreja Católica
reafirmou o celibato, definindo no Concílio de Trento, em 1563, que
quem o rompesse seria expulso do clero. A regra se manteve até 1965,
quando o papa Paulo VI permitiu que padres se casassem e continuassem
freqüentando a Igreja (sem a função de padres, claro). Para conseguir
essa liberação, o padre noivo precisa enviar um pedido ao Vaticano e
esperar a autorização, que pode demorar até dez anos. "João Paulo II
tornou o processo mais demorado, mas Bento XVI está limpando a mesa",
diz o teólogo Afonso Soares, professor da PUC-SP. Além de promover a tal
limpeza, o novo papa surpreendeu, em agosto do ano passado, ao aceitar
que o ex-pastor anglicano David Gliwitzki, casado e pai de duas filhas, e
tornasse padre.
Mulher do padre
Veja como outras religiões tratam a vida amorosa de seus sacerdotes
Judaísmo
Rabinos podem ter relacionamentos e se casar. A única recomendação é que a esposa seja judia
Budismo
Não reconhece nenhum ser superior capaz de dar ordens de conduta, mas
monges e monjas vêem a abstinência sexual como algo que eles devem se
esforçar a aprender
Cristianismo protestante
Pastores (batistas, metodistas, da Assembléia de Deus ou de qualquer
outra corrente) podem se casar. Entre os luteranos, há grupos de monges
que, por opção, adotam o celibato
Cristianismo Ortodoxo
Homens casados podem virar padres, mas dificilmente serão promovidos a
bispos. A regra é a mesma em correntes católicas orientais, como a
maronita e a ucraniana
Islamismo
Qualquer homem (no islamismo, não há sacerdotes como no catolicismo) não só pode como deve ter quatro esposas, se puder sustentá-las, é claro. As mulheres, por outro lado, só podem ter um marido.
FONTE: Revista Mundo Estranho
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