É verdade que a Igreja católica tem uma lista de livros que não podem ser lidos pelos fiéis?
Tinha. O Index, como era chamada a lista, foi abolido em 1962 pelo papa João XXIII, no Concílio Vaticano Segundo. Desde o início do cristianismo, a Igreja, de alguma forma, tentava censurar o que não devia ser lido pelos fiéis. No Livro
dos Apóstolos, na Bíblia, há frases recomendando a queima dos
manuscritos supersticiosos. Os papas também se encarregaram de
desaconselhar escritos tidos como nocivos. No século XVI, o pontífice
Pio V instituiu a Sagrada Congregação do Índice (Index),
que elaborou uma lista organizada das obras proibidas. A partir de
então, ela passou a ser atualizada periodicamente. Foram publicados, no
total, 42 índices.
Do século XIV ao século XX, os livros só podiam ser impressos depois
de passarem por um censor indicado por um bispo, que lia a obra e
julgava se ela tinha algo que impedisse a publicação. "Não podemos
julgar a cultura de outras épocas com os critérios da nossa, mas não há como justificar o fato de o Index ter sido mantido por tanto tempo", diz o antropólogo Benedito Miguel Gil, da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, da USP.
Eram vetadas as publicações que propusessem qualquer tipo de heresia,
superstição ou magia, que defendessem questões polêmicas como duelos e
obscenidades, ou que tratassem de assuntos religiosos sem respeito. O
prólogo do Index
publicado em 1930 dizia que "os livros irreligiosos e imorais estão, às
vezes, redigidos em estilo atraente e tratam com freqüência de assuntos
que afagam as paixões carnais e lisonjeiam o orgulho do espírito".
Faziam parte da lista clássicos literários e científicos da cultura
ocidental como O Espírito das Leis e Cartas Persas, de Montesquieu,
Notre-Dame de Paris, de Victor Hugo, e A Origem das Espécies, de Charles Darwin.
FONTE: Revista Mundo Estranho
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