quarta-feira, 9 de novembro de 2011

IRÃ DESENVOLVEU PROJETO DE ARMA NUCLEAR, AFIRMA ONU ( Notícias/Mundo )

Irã desenvolveu projeto de arma nuclear, afirma ONU




VIENA (Reuters) - O Irã aparentemente trabalhou no desenvolvimento de um projeto para bombas atômicas, e talvez ainda realize pesquisas relevantes para esse fim, disse a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) em um devastador relatório a respeito do programa nuclear iraniano, que deve gerar tensões no Oriente Médio.
Citando informações "críveis" de Estados membros e de outras fontes, a AIEA listou uma série de atividades concernentes ao desenvolvimento de armas nucleares, como testes com explosivos potentes e o desenvolvimento de um detonador para bombas atômicas.
O aguardado relatório da AIEA, antecedido por especulações na imprensa israelense sobre um possível ataque contra instalações nucleares iranianas, detalhou novas evidências apontando para um aparente esforço coordenado e sigiloso por parte de Teerã para obter a capacidade de produzir bombas atômicas.
Algumas das atividades citadas no relatório podem ter finalidades civis e nucleares, mas "outras são específicas para armas nucleares", diz o relatório, obtido nesta terça-feira pela Reuters, antes da reunião do conselho diretor da agência.
Teerã, que há anos nega estar desenvolvendo armas atômicas, condenou imediatamente o relatório. O embaixador do país junto à AIEA, Ali Asghar Soltanieh, o qualificou de "desequilibrado, não profissional e politicamente motivado."
Os EUA e seus aliados devem usar o documento para propor sanções mais duras contra o Irã, somando-se às quatro rodadas de punições já impostas pela ONU ao país.
"Acho que os fatos constituem argumentos bastante convincentes de que se tratava de um esforço bastante sofisticado para (o desenvolvimento de) armas nucleares, voltado para miniaturizar uma ogiva para um míssil balístico", disse de Washington à Reuters o influente especialista em proliferação nuclear David Albright.
A Rússia criticou o relatório, dizendo que ele reduz a chance de diálogo com Teerã.
"Temos sérias dúvidas sobre a justificativa para passos que revelem o conteúdo do relatório a um público amplo, primeiro porque é precisamente agora que certas chances para a renovação do diálogo entre o 'sexteto' de mediadores internacionais e Teerã começaram a aparecer", disse a chancelaria russa em nota, referindo-se ao diálogo envolvendo EUA, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Alemanha.
A nota acrescenta que é preciso esperar para estudar o relatório e determinar se ele contém novas evidências acerca de um caráter militar no programa nuclear iraniano, ou se apenas repete "o açoite intencional -- e contraproducente -- das emoções."
As acusações da AIEA se baseiam principalmente em informações de serviços ocidentais de inteligência, as quais o Irã há anos qualifica como inventadas e infundadas. Mais recentemente, Teerã passou a atacar o diretor-geral da AIEA, Yukia Amano, acusando-o de ser manipulado por Washington.
"SÉRIAS PREOCUPAÇÕES"
A AIEA diz ter avaliado cuidadosamente as informações fornecidas por Estados membros, considerando-as consistentes com o conteúdo técnico, os indivíduos, as organizações e as datas que foram citados. A agência diz também ter apurado seus próprios detalhes.
"A agência tem sérias preocupações relacionadas às possíveis dimensões militares do programa nuclear do Irã", disse a AIEA no relatório, que incluiu um raro anexo de 13 páginas com descrições técnicas das pesquisas com explosivos e simulações por computador aplicáveis a detonações nucleares.
A agência, com sede em Viena, disse que os dados "indicam que o Irã realizou atividades relevantes para o desenvolvimento de um dispositivo explosivo nuclear." E acrescenta: "A informação também indica que antes do final de 2003 essas atividades ocorriam sob um programa estruturado, e que algumas atividades ainda podem estar em andamento."
O relatório da AIEA inclui informações anteriores e posteriores a 2003. Ele manifesta uma "particular preocupação" com informações dadas por dois Estados membros de que o Irã teria realizado em 2008 e 2009 estudos com modelos informatizados relevantes para o desenvolvimento de armas.
"A aplicação de tais estudos para qualquer coisa além de um explosivo nuclear não está clara para a agência", afirmou a AIEA.
As informações também indicam que o Irã construiu um grande tanque para explosivos no seu complexo militar de Parchin, a sudeste do Irã, onde conduziu experiências hidrodinâmicas que são "fortes indicadores do possível desenvolvimento de armas."
O Irã, quinto maior exportador mundial de petróleo, insiste que o seu programa nuclear se destina a desenvolver uma rede de usinas atômicas que gere eletricidade para o consumo interno, liberando o país para exportar mais gás e petróleo.
Mas o histórico do país em ocultar atividades nucleares estratégicas da AIEA, as restrições ainda em vigor à presença de inspetores da agência, e sua recusa em suspender as atividades de enriquecimento de urânio -- processo que pode resultar em combustível para armas atômicas -- reforçam as suspeitas ocidentais e justificaram as quatro rodadas de sanções da ONU, além de medidas unilaterais por parte dos EUA e da União Europeia.
(Reportagem adicional de Dan Williams, em Jerusalém; de Arshad Mohammed, em Washington; de Steve Gutterman, em Moscou; e da redação de Teerã)

FONTE: Yahoo Notícias

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