26/08/2011
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07h59
Aterro sanitário em Cingapura atrai turistas; espera é de 4 meses
DO "NEW YORK TIMES"
Quatro meses de espera é o tempo que leva para os turistas conhecerem um
aterro sanitário em Cingapura, o Pulau Semakau, cujo número de
visitantes triplicou nos últimos cinco anos, passando de 4.000, em 2005,
para 13.000, em 2010.
Mas o local não é um lixão. É uma ilha artificial que lembra uma reserva
natural, apesar das 9,8 milhões de toneladas de lixo incinerado que
ficam a cerca de 30 centímetros abaixo da superfície.
A escassez de terra em Cingapura --menor do que Rhode Island (3.140
quilômetros quadrados)-- levou o governo a desenvolver técnicas
inovadoras para descarte de lixo.
Ao juntar duas pequenas ilhas com área quase igual ao Central Park, o
governo criou o aterro, o primeiro depósito de lixo na costa de
Cingapura que agora é uma atração popular.
Pescadores esportivos vêm durante o dia e astrônomos à noite para
observar o céu longe das luzes da cidade. Grupos escolares têm permissão
de entrar nas poças formadas pela maré para procurar anêmonas e
estrelas-do-mar. De acordo com Ong, os passeios na faixa coberta pela
maré são tão populares que estão reservados para quase o ano inteiro.
As instalações de US$ 360 milhões incluem um quebra-mar de 7 km feito de
areia, pedra, argila e uma geomembrana de polietileno, que acompanha a
periferia da ilha para impedir vazamentos.
The New York Times | ||
Aterro Pulau Semakau serve de reserva natural; local é aberto para turistas durante cinco dias da semana |
O lixo incinerado do continente chega em barcaças e a cinza molhada é
esvaziada em fossos para um dia serem cobertos de terra, onde palmeiras e
outras plantas crescem naturalmente.
Converter aterros em áreas de uso público não é novidade. Em Nova York, o
aterro Fresh Kills, em Staten Island, fechado em 2001, será reaberto
como parque em torno de 2035.
Em 1994, o Japão transformou um velho aterro sanitário na região
sudoeste de Osaka no Aeroporto Internacional de Kansai, o primeiro
aeroporto marinho do mundo.
Porém, Semakau é o único aterro ativo que recebe lixo incinerado e
industrial ao mesmo tempo em que dá suporte a um ecossistema
florescente, que conta com mais de 700 tipos de plantas e animais e
várias espécies ameaçadas.
"Mesmo operando um aterro, a biodiversidade continua a florescer", diz
Ong Chong Peng, gerente geral do local. "Queremos manter esse equilíbrio
o máximo possível."
Fauna e flora são tão preciosas em Semakau que o perímetro previsto do
aterro foi alterado para garantir que duas florestas de mangue tivessem
acesso à água doce com a mudança da maré.
Espécies protegidas como a garça Ardea sumatrana e tarambolas-da-malásia se reproduzem na ilha, e o ameaçado golfinho-corcunda-indopacífico foram vistos pelas redondezas.
Semakau também é o único aterro sanitário ativo que costuma incentivar
visitas do público cinco dias por semana. Enquanto o lado oriental da
ilha está cheio de espaços esperando para serem preenchidos, a porção
oriental recebe espectadores desde 2005.
Neste ano, depois de mais de uma década em operação, o lado oriental da
ilha está programado para desenvolvimento e pode começar a receber lixo
já em 2015.
A Agência Nacional de Meio Ambiente, que mantém o local, prevê que, com
os dois lados recebendo dejetos, o aterro ficará aberto até pelo menos
2045.
CRÍTICAS
A Agência Nacional de Meio Ambiente do país garante que o sistema único
do aterro reduz o volume de lixo em 90%, acrescentando que 2% da energia
de Cingapura são produzidos pelos quatro incineradores do continente.
Porém, os críticos reprovam um gerenciamento de lixo baseado
inteiramente na incineração. Incineradores de larga escala, como os do
país, têm períodos curtos de vida, às vezes de apenas dez anos, antes de
necessitarem troca.
Para ambientalistas do Greenpeace, a incineração simplesmente transforma o problema do lixo num problema de poluição.
"O Greenpeace é contrário à incineração de lixo por ser uma grande fonte
de substâncias cancerígenas como dioxina, além de outros poluentes
nocivos, como o mercúrio, e compostos orgânicos voláteis", explica Tara
Buakamsri, diretor de campanha para o Sudeste Asiático.
Protestos públicos na Malásia e Indonésia ocorreram depois que o governo
anunciou planos de construir novos incineradores. Já os filipinos os
baniram em 1999 por causa dos riscos à saúde --mesmo ano em que o
governo cingapurense passou a usá-los para operar o Semakau.
Também existe o pequeno, mas real, risco de que o lixo contamine o oceano.
FONTE: Folha.com/Ambiente
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