31/07/2011
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07h32
Moscou ganha combinado de museu do sexo, loja erótica e café
DA EFE
Um empresário russo transformado em político que sofreu represálias do
Kremlin fundou no coração de Moscou o maior museu do sexo da Europa,
reduto de arte erótica, provocação e liberdade.
"Fui proibido de exercer a política, mas não desejava voltar aos
negócios. Queria um projeto livre, provocador e artístico, disse
Alexandr Donskói, fundador do museu Tochka G (ponto G, em tradução; www.tochkag.net).
Prefeito da cidade de Arjanguelsk durante oito anos, Donskói diz que "a
Rússia não é um país livre" politicamente ou emocionalmente, e que a
crescente influência da Igreja Ortodoxa devolveu a repressão moral à
sociedade.
"O vazio ideológico deixado pelo comunismo foi ocupado pela religião. O
Kremlin deixou as mãos livres aos sacerdotes. Sexo segue sendo um tabu",
diz ele. "As pessoas ainda sentem vergonha de falar sobre sexo, e está
proibido vender artigos eróticos nas lojas".
Por isso, Dosnskói, que foi preso após apresentar, em 2006, sua
candidatura às eleições presidenciais sem consultar o Kremlin, decidiu
investir mais de US$ 2 milhões para a abertura do museu, a poucos metros
da rua central Arbat, uma das mais concorridas da capital russa.
"Não fizemos propaganda, só distribuímos panfletos na rua. Cada dia vem
mais gente. Vieram quase 20 mil pessoas em um mês. Deixamos que
fotografem livremente o que quiserem", diz.
Sergei Karpukhin - 16.jun.11/Reuters | ||
Visitante passa por pintura retratando Putin (dir.) e Obama, durante inauguração do "Tochka - G" |
COMBINADO
Donskói acredita que um dos motivos do êxito do Tochka G é a combinação
de museu de arte, loja erótica e café, onde são ministrados seminários
sobre sexo, em um ambiente que nada tem de sinistro ou clandestino.
"Para projetar o museu, tive a assessoria de colecionadores e
especialistas de vários países. Então chegou um famoso fotógrafo
holandês que me disse que era o maior museu da Europa e, possivelmente,
do mundo", afirma Donskói.
O museu, que tem 800 m², 300 deles dedicados à loja, abriga mais de
3.000 peças, incluindo pinturas, fotografias, instalações, esculturas,
porcelana e pênis de todos os tamanhos, alguns com forma humana. Há uma
obra que se destaca do resto: o quadro "Wrestling", que retrata o premiê
russo, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Barack Obama, nus e
equipados com gigantescos pênis em cores que se assemelham às de mísseis
balísticos.
"Os EUA e a Rússia estão sempre competindo, e há uma frase russa que diz
que pode ser que sejam os membros sexuais de cada potência que precisam
se reconciliar. Por isso, Putin e Obama selam a paz com seus pênis",
ironiza Donskói.
Outros destaques da exposição são as bonecas, desde as "Real Dolls", as
mais caras do mundo, que parecem de carne e osso, até as esculturas do
argentino Martín de Girolamo.
A entrada da loja, que vende vários tipos de produto para o prazer
sexual, tem entrada livre, enquanto quem visita o museu paga entrada de
500 rublos (€ 8).
"O que mais gostei foi a tenda. Moscou precisava de um lugar como esse",
disse um visitante que visitava o local. Seja como seja, Donskói espera
que o Tochka G contribua para agitar as mentes dos russos, que, em sua
opinião, precisam de mais sexo e menos propaganda.
Tradução de MARINA DELLA VALLE
FONTE: Folha.com/Turismo
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