24/08/2011
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11h20
Há 8,7 milhões de espécies no planeta, estima novo estudo
DA BBC BRASIL
O mundo tem cerca de 8,7 milhões de espécies, segundo uma nova medição
descrita por cientistas como a mais precisa já feita --ainda assim, a
margem de erro é de um milhão para mais ou para menos.
O estudo, publicado na revista científica "PLoS Biology", observa que a
grande maioria ainda não foi identificada --cerca de 1,2 milhão já foram
formalmente descritas, em sua maioria criaturas terrestres -- e a
catalogação de todas poderia levar mais de mil anos, apesar de novas
técnicas como o sequenciamento do DNA possam acelerar esse processo.
Angelika Warmuth/AFP |
Pesquisador pesa lêmure; taxonomia foi utilizada no cômputo do novo estudo para determinar número global de espécies |
Além disso, advertem os pesquisadores, muitas serão extintas antes mesmo de serem estudadas.
Segundo a estimativa, a maior parte das 8,7 milhões de espécies é
composta por animais, com números progressivamente menores de fungos,
plantas, protozoários (grupos de organismos unicelulares) e cromistas
(grupo que inclui algas e outros micro-organismos).
Desse total, não foram contabilizadas as bactérias e outros tipos de micro-organismos.
O cálculo preciso do número total de espécies no planeta é um assunto
complicado. "É uma indicação notável do narcisismo da humanidade que
saibamos que o número de livros na Biblioteca do Congresso americano em
1º de fevereiro de 2011 era de 22.194.656, mas que não podemos dizer com
quantas espécies de plantas e animais nós dividimos o mundo", comentou
na "PLoS Biology" o ex-presidente da Sociedade Real britânica Robert
May.
O novo estudo afirma, porém, que essa dúvida está respondida. "Estivemos
pensando sobre isso durante anos, com vários métodos diferentes, mas
não obtivemos nenhum sucesso. Essa era basicamente nossa última chance, e
parece ter funcionado", disse o pesquisador Derek Tittensor à BBC.
Tittensor trabalha para a Unep-WCMC (Centro de Monitoramento e
Preservação Mundial do Programa Ambiental da ONU) e para a Microsoft
Research, em Cambridge (Reino Unido). Ele realizou a pesquisa em
conjunto com colegas da Universidade Dalhousie, no Canadá, e da
Universidade do Havaí, nos Estados Unidos.
TAXONOMIA
O método que os pesquisadores usaram para calcular o número total de
espécies analisou a relação entre as espécies e os grupos mais amplos
aos quais pertencem.
Em 1758, o biológo sueco Carl Linnaeus desenvolveu um amplo sistema de
taxonomia (a ciência de classificação dos seres vivos), que ainda é
usado hoje, com poucas modificações.
Grupos de espécies mais proximamente relacionadas pertencem ao mesmo
gênero que, por sua vez, são agrupadas em famílias, depois em ordens, em
classes, em filos e, finalmente, em reinos (como o reino animal).
Quanto mais alto se olha nessa árvore hierárquica da vida, mais raras se
tornam as novas descobertas --o que é pouco surpreendente, já que a
descoberta de uma nova espécie será muito mais comum do que a descoberta
de um filo ou de uma classe totalmente nova.
Os pesquisadores quantificaram a relação entre a descoberta de novas
espécies e a de grupos mais amplos como filos ou ordens, e então usaram
esse dado para prever quantas espécies existem no mundo.
"Descobrimos que, usando números dos grupos taxonômicos mais altos,
podemos prever o número de espécies", disse a pesquisadora Sina Adl, da
Universidade Dalhousie.
"Esse método previu com precisão o número de espécies em vários grupos
bem estudados como mamíferos, peixes e pássaros, indicando a sua
confiabilidade", disse.
Os pesquisadores dizem que não esperam que seus cálculos signifiquem o
fim das pesquisas sobre o número de espécies e pedem aos colegas
cientistas que refinem os métodos e a conclusão da pesquisa.
FONTE: Folha.com/BBC Brasil
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