17/08/2011
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10h06
Mais de 350 espécies dadas como extintas são 'redescobertas'
MARCO VARELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Extinção é para sempre? Está mais para "eterna enquanto dura", segundo uma nova pesquisa.
Centenas de espécies atuais dadas por extintas já foram redescobertas na
natureza, principalmente nas regiões tropicais. A conclusão está em
artigo no periódico "PLoS One".
Os autores, pesquisadores de Cingapura, da Austrália e dos EUA,
vasculharam a literatura científica em busca de casos de espécies que
pareciam ter sumido, mas foram "ressuscitadas" mais tarde.
Eles concluíram que, em pouco mais de cem anos, 351 espécies foram
redescobertas: 104 anfíbios, 144 aves e 103 mamíferos --o estudo só
abordou esses três grupos. Em média, um animal ficava sumido por 61
anos.
As redescobertas se concentram no hemisfério Sul, nas matas tropicais e
subtropicais da América do Sul, da África, de Madagáscar, da Índia e da
Nova Guiné.
BOA OU MÁ NOTÍCIA?
Os cientistas também verificaram que a taxa de redescobertas aumentou bastante ao longo dos anos.
O lado bom disso é que "redescobrir espécies consideradas extintas
demonstra um aumento no esforço e na área coberta por expedições de
coleta e observação", disse à Folha Carlos Joly, professor da Unicamp e coordenador geral do Programa Biota, financiado pela Fapesp.
Por outro lado, os autores da pesquisa alertam: "Isso [o dado sobre
redescobertas] pode fazer o público achar que a crise da biodiversidade
não é tão grande como se fala ou causar uma perda de credibilidade dos
cientistas".
Para eles, pode-se dizer até que as redescobertas também cresceram
devido ao aumento do número de espécies ameaçadas e consideradas
extintas -quanto maior a lista, maior também a chance de algum bicho
ainda viver.
O fato é que a crise de extinção é bem real. Calcula-se que a
biodiversidade da Terra está sendo perdida a uma taxa até mil vezes mais
rápida do que o ritmo natural.
Hoje, 30% de todos os anfíbios, 12% das aves e 21% dos mamíferos estão
extintos ou ameaçados de extinção. O Brasil tem hoje 486 espécies na
chamada Lista Vermelha de animais em risco.
SEGUNDA EXTINÇÃO
Nem bem ressuscitadas, a maioria das espécies redescobertas já está com o
pé na cova. Mais de 90% dos anfíbios, 86% das aves e 86% dos mamíferos
reencontrados estão altamente ameaçados, têm distribuição restrita e
populações pequenas.
Muitas das 351 espécies "salvas" da extinção irão sumir de vez sem
medidas agressivas de conservação. Em território brasileiro, umas das
espécies da lista é o macaco-prego-galego (Cebus flavius). Esse primata
loiro tinha sido visto pela última vez em 1774, por naturalistas
europeus, e redescoberto apenas em 2006.
A situação atual dele é de risco extremamente alto de extinção.
Estima-se que existam oito populações, com um total de até 300
indivíduos, sobrevivendo apenas em alguns poucos fragmentos de mata
atlântica dos Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do
Norte.
FONTE: Folha.com/Ciência
Editoria de Arte / Folhapress | ||
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