22/08/2011
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13h57
Coreia do Sul cria cães fosforescentes para pesquisar doenças
DA EFE
Um grupo de cientistas sul-coreanos conseguiu clonar cães geneticamente
modificados com propriedades fosforescentes que podem ajudar a curar
doenças humanas e dar um passo à frente no avanço das pesquisas médicas.
Perto do laboratório liderado pelo professor Lee Byeong-chun, na
Universidade Nacional de Seul, é possível escutar os latidos dos únicos
cachorros clonados do mundo, um marco na replicação animal.
Entre eles está Snuppy, um galgo que em 2005 se transformou no primeiro
cachorro clonado da história sob a direção do polêmico cientista Hwang
Woo-souk --o mesmo que renunciou ao reconhecer a falsificação de dados
de pesquisas sobre células-tronco de embriões humanos clonados.
Agora o laboratório da Universidade de Veterinária, que atraiu todos os
olhares da comunidade científica mundial em 2005, mudou o enfoque de
suas pesquisas e se centra na clonagem de cachorros, uma linha de
trabalho que se demonstrou válida.
Divulgação/Universidade Nacional de Seul/Reuters | ||
Pata da cadela Tagoon brilha no escuro; cães compartilham mais de 269 genes de doenças com os humanos |
A última conquista da equipe de trabalho do professor Lee é a criação de
um beagle, nascido em 2009, que revela propriedades fosforescentes ao
ingerir um antibiótico que ativa sua pele lumínica, adquirida por
manipulação genética.
O cachorro se chama Tagon e, sob a luz ultravioleta e um filtro
especial, mostra uma característica única em sua espécie: reflete um
forte sinal verde que, além de atrair a atenção do público, poderia ser
de utilidade para estudar curas para as doenças.
Segundo explicou Lee à agência de notícias Efe, é possível aplicar um
procedimento similar em doenças humanas, de modo que, ao tomar um
remédio indutor, são ativadas funções genéticas quando se desejar, como
uma intersecção.
Seoul National University/Reuters | ||
A cadela Tagoon e seus filhotes durante a luz do dia; a pesquisa genética é um dos ramos fortes da Coreia do Sul |
CÃO "VERMELHO"
O mesmo princípio inspirou a criação de Ruppy, outro beagle, cujo DNA
sintetiza uma proteína que faz com que seus tecidos sejam de uma cor
vermelha, que por sua vez fica fosforescentes sob a luz ultravioleta.
A cor vermelha de Ruppy serve para demonstrar que a inserção genética
funcionou "como um marcador", detalha Lee em seu escritório, rodeado por
cachorros de pelúcia.
O professor argumenta que a seleção de cachorros como objeto de estudo
se deve ao fato de que compartilham mais de 269 genes de doenças com os
humanos, por isso podem servir de modelo de pesquisa para doenças como o
Parkinson.
No entanto, estes experimentos tropeçam com a grande dificuldade de se
clonar um cachorro: muito maior e mais cara que o processo necessário
para um rato ou uma ovelha, como a pioneira Dolly.
Contudo, o laboratório conseguiu ter seu trabalho reconhecido em
reportagens publicadas na "Time" e "New York Times", quando abordaram
uma parte lucrativa: a venda de clones de cachorros mortos a seus
tristes donos. Tal negócio é realizado através da empresa privada RNL
Bio, que pode chegar a cobrar mais de US$ 100 mil por filhote.
Além disso, Lee e sua equipe conseguiram com sucesso clonar espécies em
extinção como o lobo coreano ou criar uma linha de cachorros com o
melhor olfato para as alfândegas ou mesmo para detectar tumores.
Begoña Roibas, uma espanhola que chegou ao centro no início de 2010,
trabalha na clonagem de vacas transgênicas que produzem uma proteína em
seu leite relacionada ao sistema imunológico.
Begoña, de 28 anos, compartilha os laboratórios com mais 20
pesquisadores, todos eles sul-coreanos, e se dedica a inserir códigos
genéticos em complexas sequências de DNA que posteriormente são
introduzidas nas células para a clonagem.
Na sua opinião, a grande vantagem da Coreia do Sul com relação à Espanha
é o grande volume de financiamento dedicado a estes custosos projetos,
destinados a abrir caminho entre os maiores centros de pesquisa mundial.
FONTE: Folha.com/Ciência
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