Ferramentas de pedra
Pedras polidas. © Michael Greenhalgh |
No Neolítico, as comunidades tinham aperfeiçoado
ainda melhor as suas ferramentas e armas de pedra:
- machados para derrubar árvores das florestas,
- enxós para trabalhar os campos,
- mós para triturar os cereais recolhidos,
- pontas de seta para derrubar com flechas certeiras caça grande e pequena.
Pedras para todos os efeitos
No Calcolítico, o uso da pedra foi universal. Os
artesãos das várias indústrias líticas sabiam
trabalhar pequenas pedras pesando poucas gramas, assim como talhar colossos
graníticos, pesando toneladas...
A pedra servia para uma enorme diversidade de usos – desde a
construção de muralhas, cabanas habitacionais e complexos
espaços funerários – até à
elaboração de pequeníssimos objectos, como os pendentes
reproduzidos em cima.
Vários tipos de vistosas «pedras preciosas»
forneciam matéria-prima para a elaboração de toda uma gama
de adornos; a variscita é o exemplo mais importante.
Desde as aplicações mais funcionais do dia-a-dia
calcolítico – por exemplo, a separação de
músculos, tendões e ossos numa peça de carne, feita com
uma afiada faca de sílex – até aos mais místicos usos
– como, por exemplo, a fabricação de betilos
cilíndricos de calcário, usados em rituais funerários
– a pedra era o material que assegurava às sociedades do
Calcolítico a sobrevivência diária.
Também servia para assegurar a morte a concorrentes e
inimigos, pois não nos restam quisquer dúvidas sobre a
utilização de armas de pedra...
Quem hoje fala de «meios de produção»
quer designar unidades de produção, com-plexos industriais com
equipamentos modernos, tecnologias evoluídas, recursos de
informática, etc. Falar em «meios de produção
neolíticos ou calcolíticos» é falar de ferramentas e
utensílios de pedra. Pois eram esses que garantiam o controle sobre a
Natureza. Para usar uma expressiva fórmula da antro-pó-loga
Katina Lillios: «...os machados e as enxós (tanto objectos em
bruto como ferramentas prontas) foram essencialmente os meios de
produção para as comunidades pré-históricas
tardias. E o controle sobre esse meios de produção pode ter sido
a base para status, prestígio ou poder político. A sua
potência simbólica e social poderá ser explicada pelas suas
qualidades transforma-doras. Usando estas ferramentas, a Natureza torna-se
terra agrícola. A floresta torna-se campo fértil. Um inimigo
torna-se um inimigo morto...»
Símbolos de poder
Uma ferramenta, além de ser funcional, poderia ter
acumulado outras funções. Além de ser um objecto
utilitário, um machado de pedra poderia ser um símbolo de poder,
de masculinidade. Poderia ser ainda, cumulativamente, uma «peça de
família», um objecto herdado de pai para filho.
Um achado que aponta nesse sentido é o Machado de
Óbidos. Em 1999, durante uma prospecção
arqueológica sub-aquática rea-lizada pelo Cen-tro Nacional de
Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS) durante as dra-ga-gens
de desassoreamento da Lagoa de Óbidos, foi descoberto, a nove metros de
profundidade, um grande machado de anfi-bolito polido e perfurado.
Este Machado de Óbidos é um dos oito exemplares
perforados deste tipo conhecidos na Península Ibérica. Todas os
restantes machados deste tipo foram encontradas em megálitos datados do
Calcolítico; portanto, é presumível que o de Óbidos
date do mesmo período e provenha de um contexto semelhante.
Os machados perfurados já encontrados estavam dispersos por
Portugal e pelo Noroeste de Espanha. Estes objectos, assim presume Katina
Lillios, seriam atributos de estatuto de indivíduos pertencentes a uma
elite que detinha autoridade numa região particular.
FONTE: Arque.org (Portugal/EUROPA)
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