04/08/2011
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15h55
Crânio de 33 mil anos seria de cão primitivo domesticado
DA BBC BRASIL
O crânio de um canino de 33 mil anos, encontrado bem-preservado em uma
caverna da região montanhosa da Sibéria (Rússia), traz evidências de uma
das formas mais primitivas de domesticação já encontrada, aponta um
estudo.
Os restos da espécie, que estava nas montanhas Altai, no entanto,
levantam dúvidas sobre a lealdade do homem primitivo em relação a seu
"melhor amigo" à medida em que as condições de vida ficaram mais
rígidas.
A descoberta, realizada por uma equipe internacional de arqueólogos e
liderada por cientistas russos, foi publicada na revista "PlosOne".
LOBOS SELVAGENS
O crânio, que pertence a um período pouco anterior ao apogeu da última
era glacial, é diferente daqueles dos cães e lobos atuais.
Embora os restos sejam similares em tamanho aos cães da Groenlândia de
mil anos atrás, que foram totalmente domesticados, os grandes dentes se
assemelham aos dos lobos europeus selvagens de 31 mil anos atrás.
Isto é indício de um cão em seus primeiros estágios de domesticação,
afirma a bióloga evolucionária Susan Crockford, uma das autoras do
estudo.
"Os lobos não foram domesticados deliberadamente. O processo de
transformar um lobo em um cão foi natural", afirma a cientista, que
trabalha no instituto Pacific Identifications, no Canadá.
Para que isto ocorresse, diz ela, era necessária a existência de populações humanas primitivas e sedentárias.
"Nessa época, as pessoas estavam caçando animais em grande escala e
deixando grandes pilhas de ossos para trás, e isso atraía os lobos",
diz.
CARACTERÍSTICAS JUVENIS
O mais curioso é que os lobos menos temerosos tendiam a ter
características mais juvenis, com focinhos mais curtos e largos e dentes
mais numerosos. Traços que, ao passar das gerações, acabaram definindo o
cão domesticado.
Esses cães primitivos teriam sido úteis às pessoas para a limpeza de sobras e para afastar predadores como ursos.
Mas, depois da era glacial, nos últimos dez mil anos, tornaram-se
integrantes fundamentais da "equipe", segundo afirma o arqueólogo da
Universidade de Oxford Thomas Higham, coautor da pesquisa.
"Quando você tem cães de caça, de repente isto é algo que muda a
situação. Caçadores com cães são muito melhores que caçadores sós",
disse ele à BBC.
De maneira intrigante, no entanto, este cão siberiano bastante primitivo parece ter atingido um "beco sem saída" evolucionário.
Enquanto as pessoas continuaram ocupando as montanhas Altai durante os
períodos mais duros da última era glacial, elas parecem tê-lo feito sem
os seus cães --talvez quando a comida tornou-se escassa.
"O que a era glacial fez foi forçar as pessoas a se movessem mais", disse Crockford.
Com isto, afirma, o processo de domesticação foi suspenso, colocando os
lobos e os humanos de volta a uma competição por cerca de 20 mil anos.
Por sua vez, o samoieda --o cão moderno mais próximo da espécie
primitiva, criado para pastorear e guardar renas-- parece ter retomado o
caminho deixado por seu predecessor.
FONTE: Folha.com/BBC Brasil
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