12/08/2011
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10h13
Paleontólogos desvendam criatura associada ao Monstro do Lago Ness
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE
Fama de monstro, coração de mãe. Em síntese, esse é o retrato que uma
dupla de paleontólogos traçou ao analisar um fóssil único: o de uma
fêmea de plesiossauro grávida, com 80 milhões de anos.
A reputação dos plesiossauros anda manchada desde que esses répteis
marinhos da Era dos Dinossauros foram associados ao célebre Monstro do
Lago Ness, na Escócia. Faz quase um século que quem acredita na
existência do bicho aposta que se trata de uma espécie sobrevivente de
plesiossauro.
Ninguém nunca provou que Nessie (como o monstro é conhecido) existe
mesmo, mas o fóssil estudado pelo argentino Luis Chiappe, do Museu de
História Natural de Los Angeles, e Frank O'Keefe, da Universidade
Marshall (EUA), mostra que o bicho estava mais para uma baleia do que
para um lagarto quando o assunto era ter bebês.
S. Abramowicz/Dinosaur Institute | ||
Ilustração artística do plesiossauro com seu filhote; fóssil encontrado em 1987 só foi estudado agora |
Até hoje, ninguém tinha muita certeza sobre o método reprodutivo adotado
pelos plesiossauros. É verdade que os mares da época em que ele viveu
estavam cheios de répteis que não botavam ovos e davam à luz seus
filhotes dentro d'água, mas faltavam dados diretos sobre os bichos no
registro fóssil.
DO BAÚ
Chiappe e O'Keefe mudaram isso ao resgatar da gaveta um esqueleto
descoberto em 1987, no Estado americano do Kansas, mas nunca estudado. O
exemplar de Polycotylus latippinus, que teria medido cinco metros quando vivo, estava misturado a uma estranha maçaroca de ossos menores e mais delicados.
Ocorre que esses ossos estavam posicionados "por dentro" do esqueleto
principal. Embora a anatomia deles deixe claro que se trata da mesma
espécie do bicho maior, o fóssil mais modesto está cheio de cartilagens e
possui proporções do corpo que são típicas de um feto.
De quebra, não há sinais de que tenha sido devorado pelo grandalhão, o
que faz com que a hipótese de gravidez seja a mais provável. Mais
importante ainda, o bebê é grandalhão.
Ele e a mãe morreram antes do fim da gestação, mas os paleontólogos
calculam que ele teria alcançado entre 35% e 50% do comprimento da
genitora se tivesse nascido.
Essa proporção é fora de série mesmo entre os répteis aquáticos da Era
dos Dinos. Mas bate com o que se vê entre bichos como orcas e outros
mamíferos aquáticos de grande porte, por exemplo.
Dar à luz bebês grandalhões costuma ser uma estratégia evolutiva típica
de espécies que investem muita energia nos filhos, cuidam muito deles
mesmo depois do nascimento e formam grupos sociais grandes e estáveis.
Por isso mesmo, o estudo, que está na revista especializada "Science",
aposta que o estilo de vida dos plesiossauros (ao menos no caso da
espécie estudada) era surpreendentemente parecido com o de baleias,
golfinhos "e outros mamíferos marinhos altamente sociais".
FONTE: Folha.com/Ciência
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